Na África, os orixás eram muitas vezes os elementos primordiais de uma cultura social baseada em linhagens de parentesco. A primeira preocupação dos senhores era desfazer esses laços, dispersando os grupos de uma mesma etnia para evitar possíveis revoltas de escravos. Todavia, esse fato levou os africanos e seus descendentes a se voltar para tudo àquilo que, em meio à hostilidade dos senhores, poderia preservar sua identidade, ou seja, as histórias e rituais de seus orixás. Os motivos socializadores de oferecer rituais e comidas aos deuses do Candomblé auxiliam no fortalecimento dos laços religiosos e éticos que unem os adeptos das religiões afro-brasileiras, contribuindo para o aumento do contato entre os homens e os orixás. O costume de oferecer reforça a fé e as identidades. Os muitos procedimentos da culinária sagrada, os detalhes e a sofisticação dão qualidades especiais a cada prato individualmente, forma, estética, sabor, sentidos simbólicos aos alimentos. Há sentido e função em cada ingrediente e há significado nas quantidades e nos procedimentos, pois comer é antes de tudo se relacionar.
Para melhor entender a interação entre oferecer o alimento, sua simbologia e como este refletirá na vida do homem, é preciso conhecer as características dos deuses. Associando o que é oferecido e a quem é oferecido, podendo assim compreender o sentido do ritual. Para que a troca ou transferência de energia ocorra, é preciso que o homem esteja em sintonia no momento do ritual, com seus objetivos e com o orixá.
EXÚ - O COMUNICADOR
Pade de dendê

OGUM - O GUERREIRO
Inhame
A maior de todas as guerras, que se trava desde os primórdios da humanidade, é a luta pela sobrevivência. Ogum consagrou-se um grande guerreiro porque sempre conduziu a humanidade na luta pelo sustento, pelo pão e pelo progresso. Desbravador e corajoso não tardou em ser coroado rei. Conquistou vários territórios e foi saudado com fervor em toda África negra. Ogum é guerreiro que, além de caminhar incansavelmente sobre a terra, arranca dela seu sustento e divide com outros orixás como Oxaguiã, o gosto pelo inhame, com a diferença que Ogum prefere assado, ou seja, a comida que o serve é menos elaborada e por isso vem de encontro as suas características. Aquele que está frente a grandes batalhas pode recorrer a Ogum, ofertando-lhe o pão de cada dia (inhame), assado em brasa e deixado em uma longa e plana estrada, que é muito bem aceito por este orixá. A ele se oferece inhame assado, milho torrado e aluá ( bebida fermentada de rapadura de gengibre),inhame assado e espetado com taliscas de Mariwo, como também come o inhame simplesmente cortado ao meio, passado mel e dendê . Recebe feijão preto em forma de feijoada, milho vermelho torrado e enfeitado com coco . Acredita-se que os Orixás guerreiros comem também cru ou torrado pois eles não tem tempo de esperar...
continua.........
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