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quinta-feira, 9 de julho de 2015

YEMANJA


Minha Mãe - Linda demais!
Ela une todas as coisas 
como eu poderia explicar, 
um doce mistério de rio, 
com a transparência de um mar.... 
Ela une todas as coisas, 
quantos elementos vão lá ... 
sentimento fundo de água, 
com toda leveza do ar 
Ela está em todas as coisas, 
até no vazio que me dá, 
quando vejo a tarde cair 
e ela não está 
Talvez ela saiba de cor 
tudo que eu preciso sentir 
Pedra preciosa de olhar ! 
Ela só precisa existir 
para me completar 
Ela une o mar 
com o meu olhar 
Ela só precisa existir 
pra me completar 
Ela une as quatro estações 
Une dois caminhos num só 
Sempre que eu me vejo perdido 
une amigos ao meu redor 
Ela está em todas as coisas 
até no vazio que me dá 
quando vejo a tarde cair 
e ela não está 
Talvez ela saiba de cor 
tudo que eu preciso sentir 
Pedra preciosa de olhar ! 
Ela só precisa existir 
para me completar 
Ela une o mar 
com o meu olhar 
Ela só precisa existir 
pra me completar 
Une o meu viver 
com o seu viver 
Ela só precisa existir 
pra me completar 




É só apertar o play



sábado, 20 de fevereiro de 2010

ARQUETIPO DE YEMANJA

A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a rainha das águas salgadas, considerada como mãe da maioria dos orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de deusa das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.
 Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela quem rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.
 Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que a bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de Santo) com os Omorixás (Filhos de Santo).
 A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
 É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

YEMANJÁ - A MÃE SAGRADA




Yemanjá é a mãe sagrada, a mulher que dá origem à humanidade, a mãe do mundo. Yemanjá incorpora todos os valores da mulher, mas torna-se sagrada ao assumir o papel de mãe, principalmente quando admitimos que o conceito de mãe, definido pela cultura, é muito mais complexo do que se supõe. Mãe não é simplesmente, a mulher que pare, a que cria os filhos, que alimenta e dá carinho, mas é a mulher sacralizada, aquela que une os filhos pelos laços da consangüinidade e que, ao mesmo tempo, os separa pelas regras que a cultura, às vezes mais forte do que o sangue.
Yemanjá é a imagem do próprio oceano, imenso e infinito a separar os continente, a separar a humanidade, mas também o elo fundamental que uniu a África e o Novo Mundo na mesma fé, a fé nos Orixás.
Yemanjá é a mãe do mundo, mundo que ela mesma povoou e alimentou. Afigura da Grande Mãe está presente em todas as culturas bem como os aspectos sagrados que a caracterizam, dos seios de Yemanjá jorraram todos os rios do mundo, o sustento da humanidade. Ela é a mãe de todas as cabeças, a mestra, que nos oferece equilíbrio e discernimento, Yemanjá faz com que cada cabeça, isto é, cada ser humano seja único, diferente, mas por outro lado, nos iguala na intensidade de seu amor, pois não pode mensurar o amor de uma mãe, apenas senti-lo, forte, intenso, imenso. Apesar de no Brasil Iemanjá ser cultuada nas águas salgadas, sua origem é um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as sua saudações oriquis e cantigas remetem a essa origem. A saudação Odò-Iyá, por exemplo, significa, mãe do rio, á a saudação Eérú-Iyá faz alusão às espumas formadas no encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iemanjá.
Yemanjá a Deusa mais festejada, a mais amada, reverenciar Yemanjá é ter a certeza de possuir uma mãe protetora sempre atenta aos passos de seus filhos.

Texto: Rafael de Oxossi

sábado, 26 de setembro de 2009

IYABAS



Ìyáàgba - Ìyãgba - mãe adulta, matrona, matriarca

Ìyà - mãe
Àgba - adulto, pessoa mais velha, maturidade.

Iabás, são todos os orixás femininos ligados à água, numa clara referência à concepção, à gestação, à vida!
Na mitologia dos orixás, que guarda o saber ancestral dos povos de origem iorubá trazido pelas religiões africanas, a mulher está representada pelas iabás, os orixás femininos. Sua gênese e histórias estão contadas nos mitos que os escravos vindos da África para cá, transmitiram oralmente.
O saber das Iabás cria outras formas de organização da vida e do mundo.
As Iabás representam a feminilidade e, por conhecer a memória dos corpos, transmitem suas histórias, afetos e conflitos.
Elas guardam em seu ventre um poder que ninguém, senão elas mesmas, possuem. O segredo de todas as mulheres:
o poder de gerar e dar vida a outros seres. Exercem também o poder da criação, conquista, multiplicação, luta e transformação.
O elemento água é comum a todas as iabás. O estado no qual ela se apresenta na natureza caracteriza o
temperamento de cada uma delas. A água fertiliza a terra, a faz produtiva, penetra nas plantas e corre nas suas veias como sangue. A água proporciona que as plantas dêem seus frutos que alimentam o homem. Transforma a terra seca em terra criativa e criadeira. Não apenas lhe dá vida, mas preserva-a, uma vez que o homem foi gestado na água do ventre da mãe. O sangue que corre em suas veias é composto de grande quantidade de água.
Assim como a água, o amor em suas diferentes manifestações, alimenta a alma, dá-lhe vida, preserva-a e transformaa.
Como um elemento fluido, é condutor poderoso da alma humana para muitas direções, bem como está presente em todos os momentos da vida como elemento de vital importância.
O estudo da mitologia das iabás pode trazer uma reflexão sobre como viver e experimentar os sentimentos nos diferentes momentos da vida que, tal qual a água, apresentam vários estados. É possível à mulher viver e cultuar suas deusas interiores, as iabás, da quais descendem e da quais herdam a feminilidade em suas variadas nuanças e cores, sabendo que seu eu é sagrado e deve ser vivido e cultuado na sua totalidade.
Nas iabás um pouco de todas as mulheres e muito das várias mulheres que habitam uma mulher!
 
Omi Odò Iyá! Mãe da água que corre!
Omi Odò Ìyá! Sirìre! Mãe da água que corre! Abra-me seu caminho!
Ora Yèyé ô! Vossa benevolência mãezinha!
Eparrei Lo Oya! Tua á vida, Oyá!
Epayèyô, Iansã! Mãe da vida, Iansã!
Exó! Obá Sire! Gentileza! Obá, prepare o caminho!
Riró! Encontro a doçura!
Salubá! Encontrei-te, velha rabujenta!

Texto : Rosany de Yemonja

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

QUALIDADES DE YEMANJÁ



No Brasil, segundo P. Verger, são conhecidos os seguintes avatares ou qualidades de Iemanjá: Assabá, que é manca e está sempre fiando algodão; Assessu, muito voluntariosa e respeitável; Euá ; Iamassê, mãe de Xangô; Iemowo, mulher de Oxalá; Olossá, que é o nome de uma lagoa africana; e Ogunté, casada com Ogum Alabedé.



Em Cuba, orixá da maternidade por excelência, Iemanjá (Yemayá) é cultuada, segundo N. Bolívar Aróstegui, nos seguintes camiños: Awoyó; Akuara; Okuté; Konlá; Asesú; Mayalewo; Okotó; Lokún Nipá; Alará Magwá Onoboyé; Oguegué, Awoyó Olodé; Ye Ilé Ye Lodo; Ayabá Ti Gbé Ibú Omi; Atará Magbá Anibodé Iyá; Iyamí Awoyómayé Lewó; Yalodde; Awó Samá; Yembó.



No Haiti, associam-se a esse grande orixá feminino os loás (guias) Grande Erzili, Maitresse Erzili, Agoué, Grand Erzilié, Erzilié Freda. E na República Dominicana, Metre Silí e Agué Toroyo.



Em Trinidad-Tobago, nossa Mãe Iemanjá recebe o nome de Emanjah ou Amanjah e tem como correspondentes, Ajajá e Mahadoo.



Texto: Nei Lopes





São 16 as qualidades, e por possuírem características tão próprias, há quem chegue a considerar que se trata de orixás individuais (independentes) das outras qualidades. Aqui, no entanto, e por não haver concenso quanto a esta questão, e muito estudo e pesquisa ser ainda necessário, vamos encarar como qualidades de um único orixá, tal como fazemos com todos os outros.



Yemanjá Asdgba ou Soba: É a mais velha, manca de uma perna devido a uma luta com Exu, rabugenta, e feiticeira, fala de costas, gosta de fiar seu cristal. Comanda as caçadas mais profundas do oceano, tem afinidade com Nanã, Ayra, Oxalufan e Orunmilá . Veste branco e prata. Nesta qualidade, Yemanjá é perigosíssima, sábia e muito voluntariosa. Usa no tornozelo uma corrente de prata. Numa briga com Exú, ela teve sua perna ferida, por isso suas yaôs quase se arrastam em sala, numa primeira manifestação, depois mostram toda sua dança. Seu olhar é irresistível e seu ar é altaneiro. Foi mulher de Orunmilá, e Ifá sempre acata sua palavra e em honra a tal hierárquica entidade, num xirê de Sobá, sempre entra um Oxalá.Para ouvir seus fiéis costuma ficar de costas, carrega em uma das mãos um abebé espelhado e na outra uma estrela do mar. Consagrada com azeite doce e pitadas de mel.
 e sua energia é a espuma branca do mar. Suas amarrações jamais podem ser desatadas. É a senhora do algodão, todos os seus assentamentos são feitos no algodão. Suas filhas costumam ser videntes ou tem o dom da intuição. 


Yemanjá Akurá: Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro. Come com Nanã.



Yemanjá Ataramogba ou Iyáku: Nessa forma ela está no colo de seu pai Olokun Vive na espuma da ressaca da maré.



Yemanjá Ayio: Muito velha. Veste sete anáguas para se proteger. Vive no mar e descansa nas lagoas. Come com Oxum e Nanã.



Yemanjá Iya Masemale ou Iamasse: É a mãe de Xangô e quem cuidou de Oxumarê. Esposa de Oranian e muito festejada durante as festas consagradas a seu filho Xangô. As suas contas são branco leitosas, rajadas de vermelho e azul.



Yemanjá Iyemoyo, Awoyó; Yemuo; Yá Ori ou Iemowo: É uma das mais velha, possui ligação com Oxalá, o seu fundamento está no ori, representa a vida, pode curar doenças da cabeça. Veste branco e cristal.



Yemanjá Konla: O seu mito conta que ela afoga os pescadores.



Yemanjá Maleleo ou Maiyelewo: Esta Yemanjá vive no meio do oceano no lugar onde se encontram as sete correntes oceânicas.



Yemanjá Odo: Tem aproximação com Oxum, e vive na água doce sendo muito feminina e vaidosa.



Yemanjá Ogunté: Considerada a nova guerreira, dona da espada, esposa de Ogum ferreiro (Alagbedé) e mãe de Ogum Akorô e Oxóssi. O seu nome significa aquela que contém Ogum. Vive perto das praias, no encontro das águas com as pedras. Traz na cintura um facão e todas as ferramentas de Ogum. Veste branco; azul marinho, cristal, ou verde e branco.



Yemanjá Olossá ou Bosá: Come com Oxum e Nanã. Veste verde-clara e suas contas são branco cristal. É a Yemanjá mais velha da terra de Egbado.



Yemanjá Oyo: Benéfica, muito feminina, saudada na cerimónia do Padê, veste de branco, rosa e azul claro.



Yemanjá Sessu, Sesu, Yasessu ou Susure: Ligada à gestação. Voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun, o deus do mar. Vive nas águas sujas do mar e é muito esquecida e lenta. Come com Obaluaiyê e Ogum. Além do próprio assentamento, tem que se assentar Oxum e Obaluaiyê. Veste branco, verde água e suas contas branco cristal.



Yemanjá Yinaé ou Malelé: Aquela que os filhos sempre serão peixes. Também conhecida como Marabô, mora nas águas mais profundas. É a sereia, ligada à reprodução dos peixes; vem sempre a beira do mar apanhar as suas oferendas; está ligada a Oxalá e Exú.



ANGOLA



Kaiaia, Inaia, Mikaia, Zinza, Kalunga, Abilunda, Bonigu, Kembo Kibela, Nba, Kuanza,Kaitumba,Aruka, Kaiala, Panda, Mucunã, Kaiere, Nbo Kaiana, Mameto Kaiatumba, Maie Danda, Kaiari, Kassinga, Aioca, Kaiare, Arruca, Narrari, Rodalunda, Mucanã, Kaia, Kianda,Ngamikaia, Nboto, Nba sitanga,Bonigu, Nba Kuanza, Nbo Kaiana

YEMANJÁ NO BATUQUE

Mãe da maioria dos Orixás é considerada a dona da maternidade, do casamento e família e Mamãe Universal, este Orixá reina nas águas do mar e tudo que está relacionado a ele, peixes, crustáceos, estrelas, algas, vegetais e outros, a Iemanjá pertence.

Com certeza não existiria outro elemento da natureza para representar e ser o habitat deste Orixá, como o mar. O mar é lindo, fascinante e belo, porém na maioria das vezes severo e perigoso quando não respeitado ou usufruído da maneira correta, características diretamente relacionadas com a Grande Mãe.

Saudação: Omio dô!
Dia da Semana: Sexta-feira
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe
Guia: toda da mesma cor, o tom do azul ou se for incolor varia com a característica da Mãe
Oferenda: canjica branca e cocada branca
Adjuntós: Iemanjá Bocí com Ogum Adiolá, com Xangô Agandjú, com Odé, com Ossanha e com Oxalá Dacum, Iemanjá Bomí com Oxalá Bocum ou Oxalá de Orumiláia, Nanã Burukun com Oxalá Bocum
Ferramentas: todos adornos femininos em prata, peixe, leque, caramujos, barco, âncora, leme, conchas, lua, moedas e búzios
Ave: Galinha branca
Quatro pés: ovelha
Sincretismo:
Iemanjá Bocí e Iemanjá Bomí: Nossa Senhora dos Navegantes
Nanã Burukun: Sant’ana

Gostaria de salientar que as características, animais e ferramentas podem obter uma pequena diferença conforme cada Nação, assim como os adjuntós e sincretismo, estas diferenças podem ser manifestadas, no jogo de búzios, como peculiaridades de cada Orixá





quinta-feira, 24 de setembro de 2009

YEMANJÁ - Aspectos







Orixá da harmonia em família, é considerada a Rainha dos mares e a mãe dos Orixás. Veste-se de azul e branco ou verde claro, portando seu Abebê (espelho-leque)decorado com uma sereia ou uma concha. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Odô iyá!". Seus filhos, são autoritários, persistentes, preocupados, responsáveis e decididos. Amigos, protetores, faladores e não suportam a solidão. As mulheres, se comportam como super mães. Quando a segurança dos filhos e da família está em jogo, são agressivos e até traiçoeiros.

Aspectos Gerais

Dia: Sábado
Data: 02 de fevereiro
Metal: Prata e Prateados.
Pedra: Água marinha, cristal.
Cor: Branco, cristal, azul e rosa
Comida: Ebô de milho branco e camarão seco, manjar branco com leite de coco e açúcar, acaçá, peixe de água salgada, bolo de arroz e mamão.
Símbolo: Abebé prateado.
Elementos: águas doces que correm para o mar, águas do mar
Região da África: Egbà e Abeokuta
Folhas: pata-de-vaca, umbaúba, mentrasto
Domínios: maternidade (educação), saúde mental e psicológica
Saudação: Erù-Iyá, Odó-Iyá


Orígem e História

No Brasil é muito venerada e seu culto tornou-se quase independente do CANDOMBLÉ. É representada como uma sereia de longos cabelos pretos. Rege a maternidade, é mãe dos peixes que representam fecundidade. Seu dia é sábado. Nas grandes "obrigações", são oferecidos cabra branca, pata ou galinha branca. Gosta muito de flores e é costume oferecer-lhe de quatro a sete rosas brancas abertas, que são jogadas ao mar para agradecimento. Sua cor é o branco com azul. Usa um ADÉ com franjas de miçangas que esconde o rosto. Leva na mão o ABÉBÊ - leque ritual de metal prateado de forma circular, com uma sereia recortada no centro.


YEMANJÁ por presidir a formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o BORI.


É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. Seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Na África era cultuada pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse povo se tranferiu para a região de Abeokutá, levando consigo os objetos sagrados da deusa, e foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum, apesar de no Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, sua orígem é de um rio que corre para o mar. Inclusive todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa orígem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá.

Yemonjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam à maternidade, ou seja, sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados.

Yemanjá que se estende na amplidão,
Aiyabá que vive na água funda,
Faz a mata virar estrada,
Bebe cachaça na cabaça,
Permanece plena em presença do rei.

Yemanjá se vira quando vem a ventania,
Gira e rodopia em volta da vila.
Yemanjá descontente destrói pontes.
Come na casa, come no rio...

Mar, dono do mundo,
Que será qualquer pessoa.
Velha dona do mar.
Fêmea flauta, acorda em acordes na casa do rei,
Descansa qualquer um em qualquer terra.
Cá na terra, cala a flor d'àgua, fala...


Yemanjá é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa e sabe sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons em seus ofícios, mas dizendo ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos.

Yemanjá foi violentada por seu próprio filho, Orugan; Dessa relação incestuosa nasceram diversos Orixás e de seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemanjá acabou se desmanchando em suas próprias lágrimas e trasformando-se num rio que correu em direção ao oceano. Por tanto não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.

Dissimulada e ardilosa, Yemanjá faz uso da chantagem afetiva para manter os filhos sempre perto de sí. É considerada a mãe da maioría dos Orixás de Orígem Iorubá. É o tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de desequilibrar-se completamente.

Yemanjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído de seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemanjá criou Omulu, o filho do senhor, o rei da terra, o próprio SOL.

Texto: Tina

YEMANJÁ - CARACTERISTICAS E ATRIBUIÇÕES


Deusa da nação de Egbé, nação esta Iorubá onde existe o rio Yemojá (Yemanjá). No Brasil, rainha das águas e mares. Orixá muito respeitada e cultuada é tida como mãe de quase todos os Orixás Iorubanos, enquanto a maternidade dos Orixás Daomeanos é atribuída a Nanã. Por isso à ela também pertence a fecundidade. É protetora dos pescadores e jangadeiros.




“Comparada com as outras divindades do panteão africano, Yemanjá é uma figura extremamente simples. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande número de iniciados e simpatizantes, tanto da Umbanda como do Candomblé. “


Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Os jesuítas portugueses, tentando forçar a aculturação dos africanos e a aceitação, por parte deles, dos rituais e mitos católicos, procuraram fazer casamentos entre santos cristãos e Orixás africanos, buscando pontos em comum nos mitos.


Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente mais importante que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda.


Mesmo assim, não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo caráter, de tolerância, aceitação e carinho. É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos.


São extremamente concorridas suas festas. É tradicional no Rio de Janeiro, em Santos (litoral de São Paulo) e nas praias de Porto Alegre a oferta ao mar de presentes a este Orixá, atirados à morada da deusa, tanto na data específica de suas festas, como na passagem do ano. São comuns no reveillon as tendas de Umbanda na praia, onde acontecem rituais e iniciados incorporam caboclos e pretos-velhos, atendendo a qualquer pessoa que se interesse.


Apesar dos preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, pode estabelecer-se uma boa distinção entre esse conceitos. As duas Orixás não rivalizam (Yemanjá praticamente não rivaliza com ninguém, enquanto Oxum é famosa por suas pendências amorosas que a colocaram contra Iansã e Obá). Cada uma domina a maternidade num momento diferente.


A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Yemanjá é a rainha das águas salgadas, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de Deusa das Pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.


Numa Casa de Santo, Yemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pais no Santo) ou Ialorixás (Mães no Santo) com os Filhos no Santo. A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Yemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.


É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha. Junta-se ao orixá Oxalá complementando-o como o Princípio Gerador Feminino.


CARACTERÍSTICAS


Cor Cristal. (Em algumas casas: Branco, azul claro. também verde claro e rosa claro)


Fio de Contas Contas e Missangas de cristal. Firmas cristal.


Ervas Colônia, Pata de Vaca, Embaúba, Abebê, Jarrinha, Golfo, Rama de Leite (Em algumas casas: aguapé, lágrima de nossa, araçá da praia, flor de laranjeira, guabiroba, jasmim, jasmim de cabo, jequitibá rosa, malva branca, marianinha - trapoeraba azul, musgo marinho, nenúfar, rosa branca, folha de leite)


Símbolo Lua minguante, ondas, peixes.


Pontos da Natureza Mar.


Flores Rosas brancas, palmas brancas, angélicas, orquídeas, crisântemos brancos.


Essências Jasmim, Rosa Branca, Orquídea, Crisântemo.


Pedras Pérola, Água Marinha, Lápis-Lazúli, Calcedônia, Turquesa.


Metal Prata.


Saúde Psiquismo, Sistema Nervoso.


Planeta Lua.


Dia da Semana Sábado.


Elemento Água


Chakra Frontal


Saudação Odô iyá, Odô Fiaba


Bebida Água Mineral ou Champanhe


Animais Peixes, Cabra Branca, Pata ou Galinha branca.


Comidas Peixe, Camarão, Canjica, Arroz, Manjar; Mamão.


Numero 4


Data Comemorativa 15 de agosto (Em algumas casas: 2 de fevereiro, em 8 de dezembro)


Sincretismo Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes


Incompatibilidades Poeira, Sapo


Qualidades Iemowo, Iamassê, Iewa, Olossa, Ogunté assabá, Assessu, Sobá, Tuman, Ataramogba, Masemale, Awoió, Kayala, Marabô, Inaiê, Aynu, Susure, Iyaku, Acurá, Maialeuó, Conlá.


ATRIBUIÇÕES


Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela que rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.


AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE YEMANJÁ


Pelo fato de Yemanjá ser a Criação, sua filha normalmente tem um tipo muito maternal. Aquela que transmite a todos a bondade, confiança, grande conselheira. É mãe. Sempre tem os braços abertos para acolher junto de si todos aqueles que a procuram. A porta de sua casa sempre está aberta para todos, e gosta de tutelar pessoas. Tipo a grande mãe. Aquela mulher amorosa que sempre junta os filhos dos outros com os seus. O homem filho de Yemanjá carrega o mesmo temperamento: é o protetor. Cuida de seus tutelados com muito amor. Geralmente é calmo e tranqüilo, exceto quando sente-se ameaçado na perda de seus filhos, isto porque não divide isto com ninguém. É sempre discreto e de muito bom gosto. Veste-se com muito capricho. É franco e não admite a mentira. Normalmente fica zangado quando ofendido e o que tem como ajuntó o orixá Ogum, torna-se muito agressivo e radical. Diferente é quando o ajuntó é Oxóssi, aí sim, é pessoa calma, tranqüila, e sempre reage com muita tolerância. O maior defeito do filho de Yemanjá é o ciúme. É extremamente ciumento com tudo que é seu, principalmente das coisas que estão sob sua guarda. Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte. Apreciam o luxo, as jóias caras e os tecidos vistosos e bons perfumes. Entretanto, não possuem a mesma vaidade coquete de Oxum, sempre apresentando uma idade maior, mais responsáveis e decididos do que os filhos da Oxum. A força e a determinação fazem parte de suas características básicas, assim como o sentido de amizade, sempre cercada de algum formalismo. Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas ambiciosas nem obcecadas pela própria carreira, detendo-se mais no dia a dia, sem grandes planos para atividades a longo prazo. Pela importância que dá a retidão e à hierarquia, Yemanjá não tolera mentira e a traição. Assim sendo, seus filhos demoram a confiar em alguém, e quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro círculo de amigos, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas. Não esquecem uma ofensa ou traição, sendo raramente esta mágoa esquecida. Um filho de Yemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais. Fisicamente, existe uma tendência para a formação de uma figura cheia de corpo, um olhar calmo, dotada de irresistível fascínio (o canto da sereia). Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo.


São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano.


Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Yemanjá, como em nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos que o cercam - o destino de todos estariam sob sua responsabilidade. Gostam de testar as pessoas.


COZINHA RITUALÍSTICA


Canjica branca


Canjica branca cozida, leite de coco. Colocar a canjica em tigela de louça branca, despejando mel por cima, e uvas brancas, se desejar.


Canjica Cozida


Refogada com azeite doce, cebola e camarão seco.


Manjar do Céu


Leite, maisena, leite de coco, açúcar


Sagu com leite de coco


Colocar o sagu de molho em água pura de modo a inchar, depois de inchado, retirar a água e levar ao fogo com leite de coco, de modo a fazer um mingau bem grosso, colocar em tigela de louça branca.
 
 
Texto: Rodrigo Kravetz

terça-feira, 22 de setembro de 2009

YEMANJÁ - A GRANDE MÃE




Para o povo yorubá, Ilê-Ifé é o berço da humanidade, o local onde a raça humana teria sido criada, porque foi para onde os primeiros filhos de Olorum (ou Olodumaré) foram enviados.
Nessa missão, Orumilá tem papel importante graças à sua sabedoria. Aquilo que ele vê e interpreta no jogo é como o diagnóstico, a prescrição para a cura, a solução de um problema. Suas determinações não devem ser ignoradas porque, com inteligência, é ele que consegue fazer com que os pedidos sejam atendidos por Olodumaré.
“Miúdo, franzino, de temperamento reservado” parecem qualidades inerentes aos seres frágeis. Mas “sem esqueleto” pressupõe que Orumilá-Ifá seja um ser encantado, do outro mundo, não um homem comum. Quando verifica que Yemanjá lhe desobedeceu sentando em seu lugar e fazendo uso de seus apetrechos, o “pai do segredo” transforma-se em um homem vigoroso, intransigente e extremamente rigoroso, a ponto de não suportar a transgressãoe expulsar a mulher de casa. A questão do acesso ao conhecimen¬to e da definição dos papéis sobre a detenção do saber na alta sociedade dos yorubás fica clara nesse ponto da história. Foi por vontade de Olofi que os dois se casaram, como foi Olofi quem determinou que nenhuma mulher poderia presidir o Ifá.
Mas Yemanjá não era uma mulher qualquer. Também ela era sábia e tinha o dom divino de interpretar os sinais do destino e os tratamentos recomendados pelo oráculo aos que o procuravam. E como foi que ela aprendeu a manipular e adivinhar os odus? Em essência, Yemanjá tem a compreensão de todas as coisas, porque foi quem as gerou. Ela conhece os caminhos do segredo, porque é dela que todos os caminhos partem.
A história conta que Yemanjá não encontrou limites em sua ação e acabou por ocupar um posto reservado unicamente ao sacerdote dono do conhecimento, do segredo e da magia. Nesse conflito direto com Orumilá, Yemanjá reiterou a importância dele, pois proibições não se discutem. Cada um, da sua perspectiva, se viu com razão. Porém o que prevaleceu foi a determinação do Ifá.
O relacionamento que se dá em seguida, entre Yemanjá e o orixá Erinlé (ou Inlé), é, na realidade, outra história amarrada na anterior com a intenção de criar uma conexão analítica sobre o aspecto da “proibição” e do que pode acontecer com aqueles que agem em desrespeito às leis da natureza.
Os dois vivem juntos durante um tempo, mas quando Erinlé finalmente oficializa o seu pedido de casamento, Yemanjá propõe um acordo em cuja base está a proibição que selará o destino do ca¬çador: “Jamais você deverá ridicularizar o tamanho de meus seios”.
Mas tendo bebido vinho de palma em excesso, um dia Erinlé se descuida e diz o que não devia, descontrolado, pagando depois com a própria língua. Ao contrário da primeira parte da história, as conseqüências não são desalentadoras, são devastadoras. Daí um ditado muito comum e não só entre os filhos de Yemanjá: “Minha cabeça me salva ou me perde”. E Yemanjá só encontra a paz quando, novamente, chega ao seu elemento natural, o mar, as águas.



O ANO NOVO DE YEMANJÁ
Até pouco tempo, as manifestações das crenças religiosas africanas foram toleradas por causa de um sincretismo inventado pelos negros para poder cultuar seus santos em paz, no tempo da escravidão; de outro jeito não era permitido. Foi assim que, sincretizada com a Nossa Senhora dos católicos, Yemanjá ganhou prestígio e popularidade em todas as camadas da sociedade cubana e brasileira. É claro que ela não é mais a mesma. Nem poderia ser. Aqui, o rio de Yemanjá é o mar, este mar Atlântico que atrai multidões às praias no ano-novo. A matriz, a grande matriarca, com seu axé assentado sobre conchas e pedras marinhas, está na África. Mas, na virada do ano, quando todos estão tomados pelo sentimento de renascimento, de renovação, é a ela, à velha dona do mar, Yemanjá, que milhões de pessoas recorrem vestidos de branco, levando flores, presentes para pedir um novo começo da vida e do mundo.

RITUAIS DA GRANDE MÃE
O tema dos rituais tem sido amplamente pesquisado por antropólogos e historiadores das religiões. As sociedades humanas primitivas praticavam rituais nas ocasiões mais significativas da vida: nascimento, iniciação na vida adulta, caça, guerra, casamento, morte, sepultamento, bem como nos momentos mais marcantes do curso da natureza, ligados à semeadura, à colheita, aos solstícios de verão e de inverno etc. Assim, ficavam registrados os grandes acontecimentos da vida, e toda a comunidade participava deles. Se seguirmos esses traços, vamos encontrar nos rituais primitivos a origem de dramas, danças, jogos, práticas religiosas e costumes que persistem até hoje, sob várias formas. Nesse sentido, a imagem da mãe revela-se o mais poderoso e universal dos arquétipos. Ela encerra amor, aconchego, apoio, sabedoria, sedução, e também um aspecto misterioso, perigosamente devorador. A figura da mãe, revestida desse arquétipo, é o primeiro ser feminino com o qual o homem tem contato.
Não surpreende, portanto, que sejam tão estreitas as relações do futuro homem com sua mãe, nem que ele encontre tanta dificuldade em desvincular-se dela para seguir, independente, seu desenvolvimento.



O ENCANTAMENTO DAS FAVAS
Esta é uma história especialmente marcada pela oralidade. A intenção desse efeito é dar uma carga poética ao cotidiano de muito suor, esforço e perseverança do personagem, o humilde lavrador, análogo à participação dos negros jêje-nagôs na formação da cultura brasileira e latino-americana.
Há alguns ensinamentos yorubanos nesta narrativa: o respeito à terra, responsável por fazer o ser humano persistir em sua luta por prosperidade e continuidade, seu sonho por uma colheita justa; o louvor ao trabalho, pois tudo que o homem consegue reconhece ser fruto deste.
Algumas descrições, ricas em detalhes, fortalecem a idéia de um processo complexo de plantação, em comparação ao estilo de vida simples do agricultor que recorre à ajuda de um cachorro para desvendar o mistério do sumiço das favas na sua roça. O animal inspira confiança ao lavrador por ser um elemento mais próximo da natureza, mais livre para perceber as sutilezas e os movimentos ao seu redor. E é justamente o animal que fareja e descobre que o “ladrão de favas” é ninguém menos que Yemanjá.
Outro aspecto importante a ressaltar é como o lavrador enxerga Yemanjá: aos poucos. É uma visão muito forte; não só pelo assombro diante do desconhecido, como também porque Yemanjá não se mostra logo. Ela aparece com cerimônia, envolta em poeira de luz, com tanta beleza e formosura nos movimentos que o lavrador é tomado por encanto. Sem uma palavra o encantamento o faz compreender de quem se trata. Dali em diante a oferenda estava compromissada: Yemanjá teria as favas que apreciava.
E, em retribuição, para lembrar a dimensão dos poderes de Yemanjá, aquela se tornou a maior roça de favas da região.





Texto: Claudia Cunha