O tá (cabeça) e/ou ahisu (termo utilizado para designar “cabeça espiritual” ou mesmo espírito) é um conceito da cosmogonia jeje que muito se assemelha ao conceito yorubá de Orí, claro que mantendo significativa diferença e sendo sua explicação um tanto mais complexa do que a de orí, dada pelos yorubás.
Do ponto de vista da cultura fon, o tá (cabeça) é multifacetado ao mesmo tempo que é único. já que cada um de nós somos uma unidade e essas facetas só existe em conjunto. É dividido em algumas camadas denominadas sombras. São quatro: WENSAGUN (sombra mensageira), YE (sombra reflexa), LINDON (sombra longinqua) e SÊ (sombra permanente). Para entendermos melhor: “Wensagun” seria a camada ou sombra que está em comunicação com o astral, o mensageiro, seria o que nos liga enquanto mortais ao plano astral; “Ye” seria nossa força vital em desdobramento visível, nosso corpo e a sombra que dele se origina abaixo da luz – seria em sí nosso próprio existir no mundo, o transcorrer de nossa vida na terra; “Lindon” é a nossa capacidade de pensamento, essencial ao “Ye” para nosso existir; “Sê”, enfim, como sombra permanente é invisível, imultável, não conhecendo a morte, nosso próprio espírito, dotado de inteligência, e carrega nosso dulè (odú em yorubá – destino pessoal).
Estas sombras fazem parte do tá (cabeça) como um todo, formando a concepção de ahisu, e o Vodun habita no nosso tá. Mas o tá, ao contrário do Vodun, não exige que seja “assentada”, por isso o Jeje não faz uso do igbá-orí, pois acreditamos que o tá é o próprio igbá-orí.
Quando realizamos o Tásèn (“cultuar a cabeça”), cerimônia jeje equivalente ao Borí dos yorubás, também conhecido como Apehe (termo originário do Jeje Mina) ou Jwá, estamos fazendo uma oferenda ou uma propiciação ao tá (em todos seus aspectos) para que a pessoa entre em equilíbrio com seu ser e seu destino, também estreitando as ligações com o Vodun principal e pessoal (tavodun) que é aquele que também habita o seu tá.
Enfim,
SÊ - é o poder do princípio de transformação, é a unidade do princípio espiritual no homem; é o princípio espiritual divino com tripla função;
YÊ -é o princípio vital em desdobramento visível como a sombra tirada do corpo que os ADJA-FON chamam AGBASA;
LINDON - significaria o poder de pensar, seria a expressão dessas faculdades essenciais do YÊ que nomeamos IRO;
WENSAGUN - seria enfim o SÊ se comunicando com o supremo para receber e anunciar as mensagens fundamentais da vida e da morte;
Sê - é o princípio divino imortal que se transforma no sujeito YÊ, expressão da própria pessoa. Shê não morre, ele é então o espírito.
Yê - é a personalidade humana em desdobramento no tempo. Poderia ser condenado ao vazio, ele é portanto o alma.
A INFLUÊNCIA DO CANDOMBLÉ
Em relação à
VIDA :
É a união do SHÊ com o YÊ sendo projetada no mundo elementar;
MORTE :
É o estado que finaliza o alma, que só tem posição no mundo elementar;
FELICIDADE :
É o estágio máximo, ou seja, de grande nível de equilíbrio do SHÊ com o YÊ;
HOMEM :
Ser de qualidade social acompanhado de suas origens, inclusive seu ODU ( destino ) principal;
PERSONALIDADE :
Características formadas por uma origem adaptada ao SÊ e ao YÊ quando assim se encontram, já desde o primeiro momento que se é lançado no mundo elementar;
VODUN :
É o SÊ em seu estado de harmonia própria com cada elemento neste ou em outro mundo;
O VODUN NÃO MORRE ! ! !
A influência do Asé é a de equilibrar o máximo que pode, cada Ser que aqui se encontra, o conhecimento de si e de suas origens elementares; o conhecimento sobre seu próprio limite de personalidade, o arredondamento, ou seja, o auto-domínio de sua índole e do seu caráter. O sucesso então é o de seguir resignado toda a trajetória no mundo elementar e chegar à morte consciente de que, é hora de retornar o corpo ( matéria ) à natureza; e também o de respeitar todos os elementos que aqui se encontram ou não.
O homem, sabendo de onde veio, onde está, quais são suas origens e para onde ele retornará, terá uma vida mais consciente e real neste mundo elementar.
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