Texto:Tata Cassuté
Nzambi Npungu
Nzambi Npungu (deus poderoso) criou o mundo e tudo que nele existe, criou também uma mulher para ser sua esposa e para que por seu intermédio, pudesse ter descendência humana a fim de que esta povoasse a terra e dominasse todos os animais selvagens por ele criado. Ela se chamaria então Ná Kalunga, em virtude da filha que iria dar a luz se chamar Kalunga. Quando Kalunga atingiu a puberdade Nzambi decidiu sair para mostrar a Kalunga tudo que tinha criado e após 3 meses retornaria. Na viagem logo ao anoitecer Nzambi construiu uma Kubata (palhoça) com apenas uma cama, se recusando a dormir com o pai, Kalunga corre chorando.
Nzambi para convence-la a manda voltar para não ser devorada pelas feras. Voltou então e dormiu com seu pai toda viagem. Quando retornaram Ná Kalunga viu que sua filha estava grávida, enraivecida com o fato se enforcou em uma arvore perante Nzambi e Kalunga.
Nzambi nada fez para impedir, pelo contrário a achando indigna de continuar a ser sua esposa, não compreendendo os desígnios para povoar o mundo que ele tinha criado então amaldiçoou e a transformou num espírito maligno a quem deu o nome de Mulungi Mujimo (ventre ruim da primeira mãe que existiu na terra).
Nzambi passou a viver com Kalunga que passou a se chamar também Ndala Karitanga e com isso a segunda divindade.
Um dia Ndala Karitanga passou a sonhar com sua mãe a insultando, dizendo que iria devora-la.
Nzambi a tranquilizou dizendo que aquela que foi sua mãe agora era um espírito mau que estava apenas pedindo comida. Nzambi fez um montículo de terra na porta da Kubata e pediu para Ndala Karitanga buscar um animal para o sacrifício e para que a mesma disesse ao mesmo tempo, (minha mãe acabo de vir chorar-te, agora não voltes a ter comigo outra vez, porque se volto a ver-te, vou prender-te) (mam é nzanga kudila ni malamba kindala kana uiza kukala ni kuami akamúkua,nda o kudila o kujibisa), com o tempo Kalunga ou Ndala Karitanga deu a luz a Nkuku-a-Lunga (inteligente), passando este a ser a terceira pessoa da trindade divina. Quando cresceu Nzambi lhe deu o poder da adivinhação, Nzambi ordenou que se case com Kalunga (para se tornar pai de todas as tribos bantu) e concebeu 2 filhos primeiro masculino Sá Mufu segundo feminino Ná Mufu.
Nzambi ordenou que Sá Mufu casasse com sua mãe e Ná Mufu com seu pai informando-os que depois daquelas uniões as seguintes se fizessem só entre primos. Destas uniões nasceram do sexo masculino - Kitembu-a-Banganga, Ndundu, Ngonga Umbanda, Kanongena, Kambuji e outros. Do sexo feminino - Mujumbu, Ndumba au Tembu, Samba kalunga, Kasai, Lueji, Mukita e outras. Nzambi os ensinou a se multiplicar e a lutar contra doenças e feitiços que os seus descendentes viessem a possuir. Após deixarem a vida terrena cada um dentro da sua atribuição iria supervisionar o mundo que ele havia criado. Nzambi se despediu e levando um cão que sempre o acompanhava, se dirigiu para Sanzala Kasembe Diá Nazambi (aldeia encantada de deus) onde recompensa os bons e castiga os maus.
Naquela altura as rochas estavam moles por terem sido feitas recentemente, e até hoje no nordeste de Angola se pode ver as pegadas na rocha de Nzambi e ao lado do seu cão (segundo a tradição existem pegadas por toda a áfrica), comprovação feita pela seção de arqueologia e pré história do museu de Dundo - Angola (que são originais e não forjadas pelo homem) segundo as tradições a morada de Nzambi fica entre os rios (Luembe e Kasai) junto a nascente do Nbanze.
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