segunda-feira, 4 de abril de 2011

XANGO/HEVIOSO/NZAZI- PARTE VI - SOGBO


Se analisarmos o vodún Sógbó (grande raio) por etnias provenientes de Ghana, podemos indentificá-lo como sendo um vodún feminino da família de Hebioso (ou Hevioso) que foi levado para o que hoje conhecemos por República do Benin, tendo passado pelo Tado (atual Togo) com as conquistas e expansão dos ewe-adja, cuja cultura no Brasil indentificou o Candomblé de Jeje Dahomey (termo usado posteriormente para distinguirem-se de Minas e Mahis), ou simplemente Jeje, de formação muito anterior ao reino de Dahomey dos Fons, contudo, quero aqui neste tópico considerar este vodún, como os mahis e outros povos do Benin e no Candomblé Jeje Mahi o consideram, ou seja: Um sinônimo do òrisà Sàngó. Muito antes do Culto de Hevioso já havia no Dahomey, e antes da formação do Dahomey propriamente dito, o culto do vodún Djisó (ráio do céu), este culto tem origem nagô e era praticado pelo clã dos Djétovi e foi levado para Abomey na época do rei Glélé à partir de suas conquistas no território Mahi, daí Abomey perpetuar cultos distintos a Sógbó, um à forma feminina em uma família oriunda dos Adja, e outro à forma masculina oriunda do Mahis. Como o culto de Hevioso também se expandiu, tal forma feminina também é encontrada em locais distantes de Abomey.
 
Uma lenda  conta o seguinte:

“Desejando descansar após criar o mundo, Mawu, deusa criadora, deu aos filhos Sakpata e Sógbó (Grande Ráio – sinônimo de Hevioso aqui nesta lenda Fon) o cuidado de preservar o seu trabalho, mas os dois vieram a se desentender por ciúmes, a partir daí, Sakpata se punha distante de seu irmão para resolver problemas originados em seu reino, o céu.
Como filho mais velho, ele teve de herdar a maior parte dos bens de seus pais, Sógbó achava isso preferência pelo irmão.
Sakpata havia garantido para si uma posição de soberano e tinha uma grande alegria, a de que os homens mostravam reconhecer o seu reinado, porém, começaram a reclamar porquê a chuva que deveria cair regularmente não caía, e começou, então, a haver muita sêca por toda a terra. Eles reclamavam em alta voz com Sakpata, que por vez se lamentava pelo que estava acontecendo em seu reino, a terra.
Um ano se passou sem a menor gota de chuva…um verdadeiro caos.
A agricultura praticamente não havia mais, havia apenas sêca e calor intenso na terra.
Sakpata observou que Lègba, seu irmão caçula que tudo vigiava e contava para Mawu, e um bokonon (advinho) viajavam pela terra falando de Fá e do oráculo sagrado. Ele reuniu-se com eles e rogou por isso, porquê a chuva era esperada e não vinha nunca. Foi consultando o oráculo com eles que soube que havia uma disputa entre ele e Sógbó, os dois aspirantes do título do poder, e essa era a raiz do problema.
Sua solução envolveu um acordo entre as duas partes. Mas, para isso, tinha que o mais antigo se reconciliar com os mais novo e lhe ser fiel. Sakpata teve a dolorosa lembrança de ter esquecido do fogo e da água. Tarde demais?… Ele tinha a visão de como os homens, animais e plantas precisam tanto desta água agora detida no céu por Sógbó. Quando perguntado como é que ainda poderiam salvar a terra, Fá o aconselhou a recolher alguns dos seus bens terrenos. O pássaro Otutu (Oferenda) iria levá-los para o céu e transmitiria uma mensagem para Sógbó, assim foi… e eis que a ave voando bem alto começou a cantar em plena voz: “Sakpata uma notícia para você! Me entenda você, e então? Ele disse que tu abandone a casa, filho, pai, filho, mãe! Me entenda você, e então? ” Como garantia que ouviu e viu o portador dessa notícia Sógbó clareia a terra, lançando um imenso ráio. Assim pode ele reconhecer o pássaro Otutu do irmão caçula que trouxe os presentes e a mensagem de seu irmão mais velho. Otutu disse que Sakpata, mandou dizer que “por ser mais velho, herdou todos os bens de seu pai, mas não havia reconhecido a verdadeira fonte do poder. Água e fogo tinham força para destruir todas as riquezas na terra, que é a razão pela qual o poder volta para aquele que o possui. Assim Sógbó superava a Sakpata.”
E eis que voltou a chover na terra.”
Os símbolos deste vodún são o machado de pedra do raio sokpè (sokpέn) em fongbè e o sosiovi, um chocalho que imita o barulho da chuva, e com o qual é saudado, e que os nagôs denominam sërë.
Sógbó costuma punir os malfeitores e feiticeiros, e sempre pratica a justiça. É conhecido pelos mahis com a denominação de Sógbó Adan, ou seja: Corajoso Sógbó, diferenciando-o.
Assim como o tovodun (vodún das águas) Avelékété, da praia, do mar e da chuva forte é considerada a esposa de Hevioso, Öya (òrisà nagô) também é considerada a esposa de Sógbó Adan pelos mahis.
Seus filhos são: Djakuta (Adjakata; Jakata; Jakuta), Aklombe (Akolombe), Gbwesu (Besu), Akele, Alasan, Gbade (Bade), Aden, Kunte e Agbolensi. Todos pertencendo à família Jivodun (voduns do céu), e todos voduns do raio.
Quando Sógbó Adan dança com seu sokpè, imita os ráios caindo sobre a terra, em ligeiras quebradas na dança. O que é exemplificado por esta toada muito conhecida nos candomblés de Jeje Mahi no Brasil:

“Sógbó Adan tá nu sá gba owè,
(A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa na quebra da dança,)

Sógbó Adan tá nu sá gba o.
A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa, na quebra.”


Arma de Sogbo

sábado, 2 de abril de 2011

XANGO/HEVIOSO/NZAZI - PARTE V - ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE XANGO


O caráter dos filhos de Sòngó são daqueles que podem se devotar insistentemente à conquistas amorosas, não se importando com os meios que terá que fazer uso para alcançar seu objetivo. A ele é atribuído um porte físico forte, mas na grande maioria das vezes um pouco gordo com tendências á obesidade, mas sempre acompanhado de uma estrutura óssea muito bem formada e desenvolvida. As vezes de tronco forte e largo, em oposição a altura. Facilmente podem ser identificadas pelo seu porte físico, aparência nobre e certo requinte. Apresentam forte dose de energia e auto-estima. Acham-se importantes e dignos de respeito, e sua opinião deve ser decisiva,
prevalecendo sobre a dos outros, raramente aceitando o questionamento de suas decisões, principalmente se tiver dado o assunto por encerrado por uma decisão sua. Portanto gosta de dar a última palavra. Quando contrariadas tornam-se rapidamente agressivas, violentas e incontroláveis.
Nestes momentos resolvem tudo de maneira demolidora. Portanto tendem a não respeitar ninguém e acham-se donos da verdade. Quando acusados preferem morrer que se entregar, ou então partem para o ataque impiedosamente. Muitas vezes ouvem a opinião alheia, mas raramente as aceita, sendo, portanto bons ouvintes. Assim é que sempre são autoritários, mas incapazes de cometer conscientemente uma injustiça. Não podemos negar que algumas vezes tem razão, mas nem sempre. Vivem julgando os outros sob um conceito de bem e mal. Vaidosos e sociáveis, são diferentes da agressividade de Ògún e da necessidade de isolamento de Òsóòsì e Òsónyìn. Fortemente atraídos pelo sexo oposto, dão em sua vida um destaque especial à
conquista, e para a grande necessidade sexual, onde são carinhosos e insaciáveis, não perdendo uma oportunidade. É claro que toda essa sensualidade faz com que sintam prazer em trair. Não podemos negar que sempre são bon-vivant. Desta forma são donos de uma personalidade marcante, sempre se destacando no trabalho e nos meios comunitários, pois são líderes natos e muito inteligentes, isso faz com que se achem o melhor naquilo que fazem, depreciando o que não foi feito por ele, buscando sempre a perfeição, mas isto no trabalho dos outros, porque seu próprio trabalho, mesmo que mal feito, não pode ser criticado. Muitas vezes são chatos, exigentes, e estão sempre achando tudo errado e que ninguém faz nada certo, a não ser ele, lógico! Não tem medo de desafio. São pensativos e observadores. Por vezes vivem atormentados por problemas que não existem, mas que eles criam em sua grande imaginação, com isso sofrem muito, e muitas vezes sentem prazer em sofrer. Conseguem ser extrovertidos e introvertidos, portanto possesivos e altamente inseguros. Essa possssividade faz com que amem o que possuem. Pretendendo
encobrir esta insegurança criam situações e explodem. Assim são pouco confiáveis, pois são instáveis, e a qualquer momento pode mudar sua conduta e maneira de proceder e pensar. Apesar de terem sempre a sorte ao seu lado, reclamam muito da vida. São tolerantes, mas por pouco tempo, sendo inimigos cruéis e difícil de perdoar. Morrem achando que não realizaram nada na vida, querendo sempre mais. Podem ser grandes advogados, engenheiros, políticos e jornalistas.

Parte do texto postado por MÓGBÀ ÀGÀNJÚ

sexta-feira, 1 de abril de 2011

XANGO/HEVIOSO/NZAZI PARTE IV - HEVIOSO

 Hevioso

As informações mais antigas que encontrei sobre os Voduns do panteão do trovão, datam do final do séc. XV e princípio do séc XVI.
Nas aldeias lacustres, nos arredores do atual Allada, era cultuado o Vodum Setohoun (espírito da laguna).
Quando Setohoun chegou a aldeia de Hevie (reviê), os nativos o batizaram com o nome de Hevioso ou Hebyoso (na minha opinião Hevioso seria o mais correto, visto a sua tradução ser: hevi: nome da cidade e  oso ou so: raio = raio de Hevie).
Em Dahomey ele recebeu o nome de Xevioso, quando chegou trazido por uma nativa da aldeia de Hevie.
Na cidade de Mahi era cultuado o Vodum Djiso (djisô) na tribo Djétovi.  Nesta mesma cidade, também eram cultuados os Voduns: Gbame-so (bamé-sô) que tudo indica ser o mesmo Bade que conhecemos no Brasil; Akhombe-so (acrombé sô); Ahoute-so (aroutêsô) e Djakata-so (djacatá-sô).
Vale assinalar que em toda a região do Dahomey atual Benin, até os dias de hoje, todos esses Voduns inclusive o Orixá Shango são chamados de SO (sô), que quer dizer raio.
Sogbo era e ainda é, para o povo daometanos a grande deusa, mãe de todos os Voduns So e irmã de Hevioso.  Junto com seu irmão lidera a família.
A partir do meado do séc. XVI o culto desses Voduns se espalhou por todas as regiões do Dahomey.  Com essa expansão, novos Voduns foram surgindo.  Vejamos alguns deles:

Adantohun (adantôrrum) (seria o que conhecemos como Soboadan?!)
Ahuangan (arruangam)
Alansan (alansam)
Kasu Kasu (cassu cassu)
Saho (sarrô) 
Aden (feminina)
Gbwesu (buêssu)
Akele (aquêlé)
Besu (bêssu)
Ozo (ôzô) 
Kunte (cuntê) feminina
Naete (naêtê) feminina)
Beyongbo (beionbó) (feminina)
Avehekete (averequéte)
Dawhi (dauri)
Hungbo (rumbó)
Salile (salilê)
Agbe (abê) (feminina)
Ahuangbe (arruambé) 

Contam os vodunos e Hunos que devido as tribos litorâneas  que prestavam culto aos xwala-yun (deuses do mar) adotarem o culto a So, Agbe e Naete foram designadas a se estabelecerem no mar junto ao grande Vodum Hun e que a partir daí, o culto dos dois panteões se fundiram nos cultos.
Ao nível de Brasil, por tudo que pude constatar em minhas pesquisas, não vi muita diferença entre nosso culto e o dos africanos.  A maioria dos So que existem no Benin existe aqui também.
No Brasil é comum as pessoas chamarem todos os Voduns do panteão do fogo de “Sobo”.
Vejamos alguns Voduns e suas características:

Kasu Kasu (cassucassu) - Guerreiro que defende as aldeias e ou casas de santo onde é cultuado. Os inimigos têm pavor de Kasu. Dizem que quando em luta ele cospe fogo sobre os inimigos. Quando em guerras, Kasu coloca-se a frente da aldeia e ou casa de santo e abre seus braços criando assim um obstáculo que impede os inimigos de atacar.  A tradução de seu nome é barreira.
Sogbo (sobo) - Vodum feminina considerada a mãe de todos os So.  Faz trovejar para alertar os homens que os deuses julgadores e da justiça estão insatisfeitos e que o trovejar é sinal do castigo que está por vir.
Djakata-so (djacatásô) - Muito forte.  Em sua ira arranca as árvores e as joga sobre os inimigos e aldeias. Defende seus filhos mesmo que eles estejam errados, só não podem errar com ele.
Hevioso (reviossô) - Seus raios rasgam os céus acompanhados dos trovões, destruindo cidades inteiras e fulminando os inimigos. Dizem os Hunos que é preciso oferecer sacrifícios ao deus do trovão para aplacar sua fúria. Ele odeia ladrões e malfeitores e os mata. Quando esta, satisfeito, Hevioso dá a chuva e o calor que tornam férteis a terra e o homem.
Akholongbe (acrolombé) - Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, ë faz os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo.  Quando está calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bons movimentos financeiros.
Ajakata (ajacatá) - O grande guardião dos céus. Somente ele possui as chaves que permite a entrada dos homens nos céus.  Quanto  aborrecido envia as chuvas torrenciais.
Gbwesu (buêssu) - É uma das mais calmas, é o murmúrio dos trovões no horizonte.
Akele (aquêlé) - É quem puxa as águas do mar para o céu e a transforma em chuva.
Alasan (alassam) - Talvez o mais velho de todos.  Ensinou ao homem o culto de So.
Gbade (badé) - Jovem, guerreiro, brigão, implicante, muito barulhento.  Adora beber e quando o faz arruma bastante confusão deixando todos atordoados. Adora esconder as coisa (pertences) e se diverte em ver as pessoas procurando.  No trovão ouve-se sua voz gritando para que os homens consertem o que está errado.  Sua morada são os vulcões.
Adeen (adêêm) - É ela quem faz escurecer os céus e envia os relâmpagos que fulminam.  Sua mãe Sogbo ralha com ela dizendo: - Ahunevi anabahanlan! (não mate as pessoas).
Aden (adêm) - Vodum masculino do panteão do trovão, que veste roupa branca.  Dá as chuvas finas que faz as árvores frutificarem  e, em conseqüência, é guardião das árvores frutíferas. É o mesmo Vodum Adaen conhecido no Brasil. Em um combate, mata os inimigos pelas costas, não a traição.  Todo cuidado é pouco para lidar com esse Vodum, pois a primeira vista ele não demonstra seus desagrados.
Ahuanga (arruanga) - Vodum masculino muito velho e grande feiticeiro do panteão do trovão, filho de Saho. Em um salto transforma–se em fogo para proteger seus adeptos e queimar seus inimigos, depois disso desaparece numa moringa.  Tudo que é seu é enterrado.
Auanga (auangá) - Vodum masculino do panteão do trovão, irmão de Avehekete. Habita as lagunas marinha. Suas águas engolem os ladrões.

São muitos os Voduns desse panteão.

Os So ou Sobos não gostam de malfeitores e ladrões de um modo geral eles se irritam e matam esses elementos.
A água da chuva depositada nos telhados é um dos seus maiores beko (becó (kisilas)).  Também não gostam de feiticeiros e bruxos e se esses se meterem com seus protegidos Ele os fulmina.
Os akututos (eguns) não constituem um beko para esses Voduns, mas eles também não gostam muitos dos mesmo.  Quando é necessária a presença de um deles para afastar esses espíritos, se fazem presente e com muita energia os afugentam.
Sua principal dança é o hundose (rundôssé (Brasil))  e o dogbahun (dôbarrum ( África)). Pela descrição dessa ultima, acredito que seja o mesmo hundose que conhecemos no Brasil.
Sosiovi (sôssiôvi) é nome do chocalho de So ou Sobo.
Sokpe (sopé) é o machado de Hevioso, feito com pedras de raio.


Os Sos ou Sobos representam  vida, saúde, prosperidade e vitórias.
Texto:Yatemi Jurema de Iansã (in memorium)Fontes de pesquisa;
Centro cultural Ceja Neji
Pierre Verger
Lê Herrisé

segunda-feira, 28 de março de 2011

XANGO/HEVIOSO/NZAZI - PARTE III - QUALIDADES DE XANGO


AS QUALIDADES DE XANGÔ



OBÁ AFONJÁ - Àfonjá, o Bale (governante) da cidade de Ìlorin. Àfonjá era também Are-Ona-Kaka-n-fo, quer dizer líder do exército provincial do império. Àfonjá descendia, por parte de mãe, de uma das famílias reais de Oyo. ¹Patrono de um dos terreiros mais tradicionais e antigos da Bahia, o Axé Opô Afonjá, é o Xangô da casa real de Oió. Nesse avatar Xangô Afonjá é aquele que está sempre em disputa com Ogum. Um dos mitos que relata tal passagem nos conta que Afonjá e Ogum sempre lutaram entre si, ora disputando o amor da mãe, Iemanjá, ora disputando o amor de suas eternas mulheres, Oiá, Oxum e Oba. Lutaram desde o começo de tudo e ainda lutam hoje em dia. No entanto, naquele tempo, ninguém vencia Ogum. Ele era ardiloso, desconfiado, jamais dava as costas a um inimigo. Um dia, Afonjá cansado de tanto perder as batalhas para Ogum, convidou-o para ter com ele nas montanhas. Afonjá sempre apelava para a magia quando se sentia ameaçado e não seria diferente daquela vez. Ao chegar no pé da montanha de pedra, Afonjá lançou seu machado oxé de fazer raio e um grande estrondo se ouviu. Ogum não teve tempo de fugir, foi soterrado pelas pedras de Afonjá. Xangô Afonjá venceu Ogum naquele dia e somente naquele dia. Por essas características que o mito mostra, filhos de Afonjá tem um espírito jovem e sábio, são feiticeiros, libertinos, tirânicos, obstinados, galantes, autoritários, orgulhosos, e adoram uma peleja.


OBÁ KOSSO - Nesse momento, Xangô, casa-se com Obá e funda a cidade de Kosso, nos arredores de Oyò, tornando-se seu Rei.


OBA LUBÊ - Nesse momento, Xangô, destrona seu irmão Dadà Ajakà, e assume o trono de Oyò. Época de grande expansão do império de Oyò. ¹Em sua passagem pela cidade de Cossô, Xangô recebe o nome de Obacossô, ou seja, o rei de Cossô. Conta o mito que, depois de passar pela terra dos tapas, Xangô refugiou-se na cidade de Cossô, mas a dor de haver destruído seu povo, levou o rei a suicidar-se. No momento da morte de Xangô, Iansã chegou ao Orum e, antes que Xangô se tornasse um egum, pediu a Olodumare que o transforme num orixá. Assim Xangô foi feito orixá pelo pedido de sua mulher Iansã. Os filhos de Obacossô são serenos, tiranos, cruéis, agressivos, severos, amorosos, moralistas.

OBÁ IRÙ ou BARÙ- Nesse momento, Xangô chega ao apogeu do império, cria o culto de Egungun, grande expansão, é o senhor absoluto dos raios e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino com os raios numa crise de cólera, e depois arrependido, se suicida, adentrando na terra da mesma forma que Ogun, daí o nome Obà Irù "Rei sepultado".¹Conta o mito em que Xangô recebe de Oxalá um cavalo branco como presente. Com o passar do tempo, Oxalá voltou ao reino de Xangô Baru, onde foi aprisionado, passando sete anos num calabouço. Calado no seu sofrimento, Oxalá provocou a infertilidade da terra e das mulheres do reino de Baru. Mas Xangô Baru, com a ajuda dos babalaôs, descobriu seu pai Oxalá preso no calabouço de seu palácio. Naquele dia, ele mesmo e seu povo vestiram-se de branco e pediram perdão ao grande orixá da criação, terminando o ato com muita festa e com o retorno de Oxalá a seu reino. Assim seus descendentes míticos agirão sempre como um jovem desconfiado, ambicioso, elegante, teimoso, hospitaleiro, galante; neste avatar, e somente neste, Xangô surge como um rei humilde e solidário com a causa de seu povo.

OBÁ AJAKÁ - Também intitulado Bayaniym," O pai me escolheu ", que faz referência a ele por ser o filho mais velho de Oraniã, e ter por direito que assumir o trono, irmão mais velho de Xangô.


OBA AIRANà- Personificação do fogo.


OBA AGANJÚ - Ele representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos Vulcões. Falarei separadamente sobre Aganju


OBA ORUGà- Filho de Aganjù com Yemanjà, violentou a própria mãe quando Aganjù não estava, este Orixá é o senhor do Sol.

OBA OGODÔ - Tio de Xangô, por parte materna, rege os trovões os tremores de terra. ¹Sincretizado com São Jerônimo em terreiros onde o sincretismo ainda é observado; é aquele que, ao lançar raios e fogo sobre seu próprio reino, o destrói. Gente de Agodô é do tipo guerreira, violenta, brutal, imperiosa, aventureira, amante da ordem e da justiça, mesmo que isso implique numa justiça pautada em seu próprio benefício.


OBÁ JAKUTÀ ou DJAKUTÀ- Esse Orixá, é a representação da justiça de Olorun, miticamente Xangô foi iniciado para este Orixá, é muito explosivo e justiceiro. ¹É o senhor do edun-ará, a pedra de raio. Conta o mito que o reino de Jacutá foi atacado por guerreiros de povos distantes, num dia em que seus súditos descansavam e dançam ao som dos tambores. Houve muita correria, muita morte, muitos saques. Jakutá escapou para a montanha seguido de seus conselheiros, donde apreciava o sofrimento de seu povo. Irado, o rei chamou sua mulher Iansã, que, chegando com o vento, levou consigo a tempestade e seus raios. Os raios de Iansã caíram como pedras do céu, causando medo aos invasores, que fugiram em debandada. Mais uma vez, Jakutá fora acudido por Iansã, e mais, sua eterna amante deu-lhe, dessa feita, o poder sobre as pedras de raio, o edun-ará. Gente de Jakutá tem espírito de um velho pensador, justiceiro, incansável, brutal, colérico, impiedoso, preocupado com a causa dos outros.

OBA ORANIà- Pai de Xangô, foi ele quem fundou o reino de Oyò, em muitas lendas, ele é o criador do mundo, é um guerreiro muito poderoso.

OLOOKÈ - Orixá dono das montanha, em algumas lendas é um dos filho de Oraniã, foi casado com Yemanjá.


¹Parte do texto Xangô, Rei de Oió - Reginaldo Prandi Armando Vallado





domingo, 27 de março de 2011

SIMBOLOS XANGO/HEVIOSO/NZAZI - PARTE IV



AWE OU IKOKO - pote ritual, normalmente cheio d'água é deixado ao lado do assentamento, por vezes enterrado até a metade. A água nele guardada é bebida por ser considerada como detentora de grande força. Quando é realizado sacrifício, suas paredes externas recebem um pouco de sangue.

O pote em forma de chaleira tem um simbolismo masculino e feminino. Na tampa tem a escultura da cabeça de um lobo que é o animal  consagrado aos grandes deuses , quando o punho for feito com a árvore do carvalho  que é consagrada à todos os deuses do fogo, tais como Shango, Yahweh, Júpiter, e Thor;  o carvalho deve ser cortado com o machado duplo.



No culto Lukumi tem um caminho de sango (sango yele) onde eles dizem que ele é um mago verdadeiro que voa em uma vassoura de " mariwo " para resguardar suas casas dos inimigos e do fogo. Tem caras diferentes e pode se disfarçar como uma mulher vestindo uma saia de" mariwo " (o mariwo é feito   da fibra da palma que é  submersa na água para fazê-la ficar macia) Muda assim freqüentemente que poucos  povos podem reconhecê-lo. É um guloso que ama o quiabo cozido com farinha do milho, e banha de porco e sem caroço. Esta sopa é derramada  dentro de sua bacia, em cima de suas pedras. Esta sopa é oferecida e  feita especialmente quando seus seguidores quiserem acalmar ou pedir algo dele.
Sango Obaylle -  dizem que podemos encontrá-lo á viver no alto da árvore de palmeira real. Todas as oferendas são entregue a eles lá, em especial pencas de bananas amarradas com uma fita vermelha. Este é o único Sango que foi forçado a viajar, ou vagueia pela cidade para tentar recuperar seu trono. Era " um rei desabrigado " que perdeu seu reino para ser um monarca irresponsável. Era um dia rico e no seguinte um pedinte. A lenda diz que um dia onde cozinhava um rato do arbusto e alguns viajantes vieram e ele ofereceu uma parte do pouco alimento que comia. Os viajantes  eram  espíritos que como  recompensa da sua generosidade convidou um exército de espíritos e deu-lhe de volta seu trono.

SÍMBOLOS DE XANGO/HEVIOSO/NZAZI - PARTE III


Altar de Sango com a laba pendurada na parede

 LABA é uma bolsa de couro pintada com osun, bordada com contas coloridas, só feita na África e cujos desenhos são sagrados. Ela à dividida em quatro partes e suas figuras, que lembram o raio, são assimétricas e evocam os três segmentos do raio e do triângulo. 0 número três é o par mais um, sugerindo movimento e continuação - ou seja, a própria vida. São sempre colocadas acima do assentamento de Sango.

Ajerê - Panela de barro que contém o acará mechas de algodão embebidas em dendê, que, acesas lembram o fogo de Sango.



BATA - Símbolo do som primordial da palavra, da tradição e da magia. O tambor estabelece relação com o coração , na África. Tanto nas culturas mais primitivas, como nas mais evoluídas, assimila-se ao altar sacrificial, e por isto tem o carretar mediador entre o céu e a terra. Alguns dizem que Sangro usa o bata para atrair os relâmpagos


Itan Obara-irosun

Sango se encontrava em má situação econômica e se sentia muito mal na terra em que estava vivendo, um dia, se encontrou com Esu e conversando Sango contou toda sua situação, dizendo que onde vivia as pessoas o maltratavam e as coisas iam mal, e pediu a Esu que encontra-se um  onde ele pudesse viver e sentir-se bem. Passado um tempo, esu encontrou-se novamente dom Sango e disse que tinha conseguido um lugar, um povo onde Sango com certeza se sentiria bem e poderia prosperar.
Sango todo satisfeito se encaminhou até este povo, instalando-se em uma casinha que Esu havia  conseguido de antemão. Sango entrou e gostou muito daquela casinha e o ambiente que lhe cercava. estimulado desempacotou suas coisas e tirou também seu tambor bata, e começou tocá-lo de forma entusiasmada, sem prestar atenção que aos poucos, devagar   tinha se  aglomerado um numeroso grupo de pessoas, que subjugados pelo som de seu tambor,   giravam em frente em frente a casa , pois naquela terra não se conhecia a música, dado que o rei daquele povo tinha proibido tocar musica e essa era a primeira vez que ouviam. Sango ao perceber o grupo de pessoas que tinha na sua frente, tocava mas freneticamente seu tambor. Nesse meio tempo, o rei foi informado    que perto dali havia um homem que tinha revoltado o povo com uma música produzida por um tambor. O rei muito intrigado se dirigiu até onde estava a multidão e, abrindo caminho por entre o povo, logo chegou frente a frente com Sango, quem delirantemente fazia soar seu tambor Bata. Pouco tempo observando o rei deu um salto e caiu também fascinado pelos acordes daquele tambor, rodando até o chão   a coroa que levava em sua cabeça, caiu sobre a cabeça de Sango, Esu que estava ao lado de Sango  imediatamente perguntou ao povo que estava congregado ali sobre quem queriam que fosse seu verdadeiro rei, e o povo em uma só voz disse que queria Sango, e a partir daquele momento Sango se curvou.
Reinando naquela terra, fez um novo povo para ele, trazendo a felicidade e a música para seus seguidores.  meio tempo, o rei foi informado    que perto dali havia um homem que tinha revoltado o povo com uma música produzida por um tambor. O rei muito intrigado se dirigiu até onde estava a multidão e, abrindo caminho por entre o povo, logo chegou frente a frente com Sango, quem delirantemente fazia soar seu tambor Bata. Pouco tempo observando o rei deu um salto e caiu também fascinado pelos acordes daquele tambor, rodando até o chão   a coroa que levava em sua cabeça, caiu sobre a cabeça de Sango, Esu que estava ao lado de Sango  imediatamente perguntou ao povo que estava congregado ali sobre quem queriam que fosse seu verdadeiro rei, e o povo em uma só voz disse que queria Sango, e a partir daquele momento Sango se curvou.
Reinando naquela terra, fez um novo povo para ele, trazendo a felicidade e a música para seus seguidores.