sábado, 31 de julho de 2010

OTOLU/OXOSSI,ODE/NGUNZU - PARTE I - OTOLU

   
OTOLU


Quarto Vodum a nascer por ordem de Mawu-Lissa, recebendo desse a atribuição de tomar conta de  todos os pássaros e animais e de viver  nos arbustos como um caçador.
    Otolu é um Vodum autoritário e muito bruto, não gosta de receber ordens de ninguém, faz questão de ignorar iku, ele não aceita  a morte. Em seu reino (caça) considera-se absoluto.
    Conta um itan, que esse caçador chegou em uma festividade no reino de Dan vestido como um rei (rei da caça), quando Dan viu suas vestimentas virou-se para Ogum e cantou:
         "Ajó xô dominadô, orrum para cècè, orrum para cècè" = Togum, que ele mude o ajó (roupa), no  reino de Dam - Ogum foi até Otolu e transmitiu o recado.
    Otolu foi embora e logo voltou com outras roupas e batendo às portas de Dam cantou para o mesmo:
        "Ahoboboi a boia Aganga Otolu ezan, ahoboboi a boia Aganga Otolu ezan" = Dam em teu reino não serei somente Otolu e sim Aganga Otolu "
    Daí pra frente Otolu passou a usar roupas e capacetes de penas para se identificar como Aganga Otolu.
    Otolu é um Vodum de  pouca conversa. Está sempre pelos cantos observando a natureza e olhando de longe seus filhos e a casa onde reside. Em uma demanda transforma-se em um temível guerreiro ao lado de Exu, Ogum e Ossanhe. Sendo que, junto com Togum, são os mais poderosos guerreiros de uma casa de santo.
     Otolu veste roupas de cores: azul claro, azul turqueza, verde, verde e vermelho, branco. Por cima das roupas de tecido traz um saiote de pena (igual a dos índios), usa tornozeleiras,  braçadeiras e capacete de penas. Sua roupas tambem podem ser feitas com couro de coelho e de outras caças. Ele não gosta de roupas com brilho ou estilizadas.
Nas mãos, traz: lança de madeira sendo que entre a lança e o cabo aparece uma cabaça redonda e pequena; arco e flexa. Em suas indumentárias estão incluídos a cabaça pequena trazida como capanga, dois brajás cruzados no peito, chifres de búfalo e erukere.
    Seus fios de contas podem ser: azul claro, verde ou verde rajado de vermelho, dependendo da passagem do Vodum.
    Otolu come caças, carnes cruas ou assadas na brasa (em especial a de porco), milho moído, torrado ou assado na brasa, milho cozinho com fatias de coco, acará, abará, ekuru, omolocum, frutas (menos as que lembram espinho), acaçá, cabrito, frangos.
                                              Feitura - Armas e  Assentamento



  Otolu é o caçador mais velho, podemos compará-lo à Odé dos yorubanos. Existem outros Voduns caçadores.
    A feitura de um Vodum caçador difere um pouco das demais pelo fato desses Voduns não suportarem ficar presos em ambientes fechados e por não darem muito atenção a iku, o que redobra os preceitos e as atenções da equipe que participa de suas feituras.
    Ebós e preceitos são determinados de acordo com os caminhos do iniciado e do próprio Vodum, portanto não existe um padrão.
    As armas usadas nos assentamento dos Voduns caçadores são confeccionadas em ferro ou metal amarelo/branco e seu símbolo é determinado pelo Vodum que está sendo feito.  Esses assentamentos podem ser feitos usando-se a tabatinga  ou soltos.
    Os Voduns caçadores entre eles Otolu, usam roupas de cores azul, verde, branco ou estampada. Usam capacete de penas. Podem trazer nas mãos o arco e flecha, lanças, alguns trazem o arco e flecha e também um abebê, outros trazem nos ombros o couro de uma caça. Todos trazem os brajás* trançados no peito, capangas de couro ou metal, erukere, e o chifre de búfalo.
Texto:Yatemi Jurema de Oya (In memoriam)



Dà Làngàn Òtòlú é a forma que o Vòdún Òtòlú era conhecido na cidade de Savalú. Desde criança Dà làngàn mostrava as suas habilidades na caça e na arte de guerrear. Dà Làngàn foi criado para suceder o seu tio Ázáká. Diz a lenda que, quando Dà làngàn ainda um adolescente ficou perdido na floresta e foi cercado por um enorme Leopardo negro faminto. O jovem Dà Làngàn tinha o costume de tocar uma flauta de osso quando estava descansando na floresta. Esse instrumento pertencente a um Vòdún da mata ligado aos sons emitidos na floresta, Vòdún esse chamado de Àzízá, que é um adolescente que vive tocando a sua flauta de osso pelo meio da mata atraindo para dentro dela as pessoas não bem-vindas por ele. Assim quando o Leopardo o cercou, Ázízá tocou a sua flauta distraindo o Leopardo e com um ataque feroz, Dà Làngàn voou no pescoço do Leopardo e, com um punhal, cortou-lhe sua cabeça e bebeu seu sangue depois comeu algumas partes dele a fim de ter as mesmas habilidades. Assim Dà Làngàn, passou a ser muito respeitado mesmo ainda sendo um adolescente. O título de Òtòlú que significa ´´Chefe caçador de Savalú ´´ foi conquistado quando Dà Làngàn acabou com uma tentativa de invasão pelos Nago na floresta de Savalú, então seu pai o Rei Kúxòsú, deu-lhe o título de Òtòlú e no mesmo dia ele ganhou o comando dos Valutö( um grupo seleto de guerreiros caçadores que o próprio Òtòlú era membro e agora ele os comandava). Com o adoecimento de seu pai, Dà Zòjí seu irmão primogênito assumiu o trono e assim Òtòlú assumiria também os Zúncòtòlè. Quando Òtòlú assumi a liderança dos Zùncòtòlè ele ganha importância dentro do reino e principalmente dentro do clã Sákpátá pois, agora ele tinha uma função de captar alimentos da floresta e proteger o reino. Nesse tempo Ázáká, Otölú e seu primo Ázáwànì quando juntos em caçadas ou batalhas na floresta, eram chamados pelos inimigos e admiradores de Hùndèválú título dado aos grandes ancestrais Caçadores-Guerreiros da antiga dinastia de Savalú. Após a morte de seu pai e a posse em definitivo de Dà Zòjí ao trono, Dà Zòjí dá o comando do exército de Savalú para Dà Làngàn Òtòlú que, após o comando, constrói em um vilarejo perto da costa, um tipo de quartel dos Valutö e um centro de culto ao Vòdún Ázízá. Essa cidade ,depois de sua morte, foi o primeiro local de culto ao grande Guerreiro-Caçador de Savalú conhecido como Òtòlú ou simplesmente por sua velocidade e ferocidade como Tòlú-Tòlú o Guerreiro que não erra. Por ter sido cultuado primeiramente em Dàgbá e, o mesmo que gostava de tocar a sua flauta debaixo de uma árvore com o mesmo nome de Dàgbá, sua fava de iniciação é o fruto da árvore Dàgbá. Na parte litúrgica do culto Vòdún Òtòlú é responsável pela a fartura alimentícia e segurança das casas de culto próximas a florestas, em qualquer ato de colher ou caçar na floresta Òtòlú deverá ser consultado juntamente com Ázízá. Na cerimônia do Grá, Òtòlú tem a função de proteção aos neófitos quando os mesmos entram na floresta. Vòdún imprescindível nas feituras dos neófitos no Ásé do Kpò Dàgbá, pois ele é peça fundamental em uma cerimônia chamada Ámátítè.
Em outras lendas, Òtòlú pertencia a um grupo chamado Húédá de Úídá e que chegou até a região dos Áízòs e lá, por um determinado fato, ganhara a admiração do chefe de uma vila e recebera em casamento, a filha desse chefe. 
Òtòlú se torna o pai de Ábá Hànkò, que irá criar os impérios de Fita e de Savalu que, reunirá todos os Áízòs dessa região com a denominação de Mahuínos(Mahins). Antes da criação do Império Mahin, aconteceu a terceira migração do Tádò. Foi a dos Ájàs Ágàssúvís que vão criar Álàdá, Ábòmèy e Ájàxé(Porto Novo). Da reunião dessas três cidades estados surge Dahomé.
Òtòlú é muito confundido com o òrísá Òsóòsí dos yorubás porém, não possuem nada em comum a, não ser o fato de ambos serem caçadores. Tem como cores o azul turqueza ou em algumas casas o verde, como elemento a terra, como dia da semana a terça ou a quinta-feira e como saudação Áhò gbò gbò Òtòlú!!!
Texto: Mèjító Rômulo tý Dàn  -  http://africaobercodomundo.blogspot.com/

6 comentários:

Unknown disse...

Muito bom mmaterial sobre Mehunto Otolu, entretanto bastante misturado oq ue dificulta o entendimento paras os desconhecdores do Vodum

Hunso Sueli de Vodun Abe, Apetebi Osalofogbe disse...

Kolofe Voduno!
Muito obrigada pela visita ao meu blog. Gostaria de esclarecer o seu comentário a respeito do post, e agradecer ao mesmo tempo, pois, toda crítica/comentário são bem-vindos. O objetivo desse blog é sobretudo o intercâmbio saudável, de modo que a Religião cresça e seja respeitada por seus adeptos ou mesmo simpatizantes.
A pesquisa foi realizada através de informações retiradas do site da nossa querida Yatemi Jurema (im memorian) que descreve Otolu com uma visão “nago-vodun”isto é,..... ¹O grupo Jeje ao passo que teve no passado sua extensão de terras do culto vodún, mais limitada, foi cedendo cada vez mais ao modelo paradigma do ëgbë (sociedade) da nação de Ketu, e eis que surge o nagô vodum, muito complexo em sua ritualística, pois varia de acordo com o rito jeje do qual procede. O nagô vodum foi uma forma de resistência da comunidade jeje ameaçada, sobretudo em locais face a exploração imobiliária, tendo como resultado uma crescente aculturação dos rituais jeje dentro do candomblé. Houve a formação do Jeje Mahi com Ketu, do Savalu com Ketu, do Mina com Ketu, do Jeje Dahomey com Ketu, enfim, estabelecendo cultos diferentes de nagô vodum devido a sua origem e prestados a diferentes divindades jeje, embora a parte nagô seja algo similar cultuando os orixas muito conhecidos no Brasil. Na realidade, e não muito diferente da prática Mahi e de Savalu, o orixa torna-se o arquétipo de um vodún, porém, nem toda correspondência pode ser estabelecida devido a imcompatibilidade na forma de se reverenciar a um e a outro. e o texto do Mejito Romulo, refere-se ao Vodun Otolu no seguimento dos Savalus, perfeitamete elucidado no texto.
Cabe ressaltar, que.....² Há vários estudos sobre o conceito de vodum, muitos do quais não foram elaborados por pesquisadores nativos ou por pesquisa etnográfica, e sim por pesquisadores que não fazem parte do culto, e em sua maioria de distintas culturas que muitas das vezes não traduzem um conceito que possa satisfazer a compreensão de quem cultua o vodum.
Seria interessante, e também importante que o senhor pudesse contribuir com esclarecimentos que ajudem ainda mais o entendimento deste post, principalmente por se tratar de um filho do querido Otolu.
Importante ressaltar que, todos os assuntos incluídos neste blog, valem sim para aqueles que são novatos na religião, mesmo que a compreensão não seja de imediato, eles terão um longo caminho de aprendizado pela frente. E, tenho certeza que os 20.000 e poucos acessos no blog traduzem o interesse e compreensão dos assuntos aqui postados.

¹ e ² Parte de um texto publicado por Ifabimi

Anônimo disse...

Entendo muito pouco de religião de matriz Africana, porém ao receber de uma grande amiga orientação para entregar oferenda à Otulu, fiquei curioso e resolvi ler um pouco sobre esse assunto, e, seu blog foi muito esclarecedor.Parabéns pela iniciativa.

Dofono d'Aganga Otolu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jhoannis disse...

ola, boa noite!!

Estou acessando pela 2ª vez seu blog e fiquei maravilhado com o conteúdo rico e esclarecedor. Além de uma amante das religiões afro es uma livre pensadora. Parabéns!!

Jhannus

Hunso Sueli de Vodun Abe, Apetebi Osalofogbe disse...

Obrigada. É verdade, sou uma livre pensadora sim, pois acredito em uma religião cuja realidade é limitada ao que é percebido diretamente pelos meus sentidos naturais e averiguado pela minha razão. Não acredito em uma religião onde seus participantes e lideres promovem uma inadequada e perigosa moralidade, baseando-se em uma obediência cega, de ultimatos que não podem ser examinados, de recompensas divinas ou tenebrosas ameaças de inferno,e que em nome das divindades tentam controlar os pobres humanos desprovidos de conhecimento. Me baseando em tudo isso, resolvi criar o blog. Ao postars os melhores textos que já li, textos estes que concatenam com a minha razão e vivência na religião, posso assim,contribuir um pouco mais para embasar as nossas ações em consequencias reais para pessoas reais.Seres humanos. Acredito na moralidade humana e que cada um tem que fazer a sua parte. Estou tentando fazer a minha.
Axé!