sexta-feira, 2 de abril de 2010

EKEJI/AJOIÉ/IYAROBÁ/MAKOTA DE ANGUZO/PONCILÉ



Ekeji e ogã devem indicar os caminhos, para o exemplo moral dos iniciados.
Os verdadeiros ogãs e ekejis devem orientar a coletividade de orixá.
A orientação deve ser voltada a preservação dos costumes tradicionais.
Uma das funções dos ogãs e ekejis é de educar a comunidade com exemplos comportamentais que inspirem as pessoas devotamento ao culto ao orixá. Existem muitos ogãs de verdade e ekejis também. Mas reconhecemos que muitos apenas somente têm o título, e muitas vezes nem tem ritual de acordo com os ditames da religião.
A moral no culto ao orixá existe e deve ser observada, pois orixá existe para a nossa melhora como pessoa na vida coletiva e comunitária.
Orientar não é mostrar que ele, ou ela tem prestígio, mas a situação do cargo que ocupa lhe confere ajudar ao templo de orixá de forma adequada, obedecendo ao orixá da casa com o respeito devido.
Encontramos em nosso caminho muitos destes que apenas são simples figuras de poder, e que nada contribuem ao culto de forma positiva, mas somente afugentando as pessoas do culto pelos seus dizeres imprudentes e incabíveis. Infelizmente, muitos sacerdotes se fazem de desapercebidos para não criar discussões, mas nessa parte o sacerdote deve interferir de forma intransigente mostrando a todos a coerência com o cargo assumido.
A humildade é a palavra chave que manterá o equilíbrio daqueles que possuem cargo de relevância, no caso ogã e ekeji.
A função deles é ajudar ao sacerdote para preservar a tradição, ensinar, educar e acompanhar os adeptos do culto com verdade e pura intenção ao orixá.
Um “iyawo” que procura uma “ekeji” para um conselho, e esta última inspirada pela verdade e prudência irá ajudar ao “iyawo” na sua duvida. Eis a verdadeira “ekeji”.
São os pais que educam os filhos e a coletividade no geral.



Qual a função real de quem ocupa esses cargos?



Ekeji - são mulheres escolhidas pelos orixás para cuidar dos seus interesses, são mulheres serias amáveis , respeitáveis e acima de tudo competentes. Elas fazem de tudo para agradar os orisás dos quais consideram-se mães e filhas. As roupas dos orisás e seus acessórios ficam sob seus cuidados. Há ekeji preparadas para tarefas mais fáceis , e outras recebem asé para participar de todas as obrigações.
Assim como os demais oloyés, uma ajoié tem o direito a uma cadeira no barracão. Deve ser sempre chamada de "mãe", por todos os componentes da casa de orixá, devendo-se trocar com ela pedidos de bençãos. Os comportamentos determinados para os ogãs devem ser seguidos pelas ajoiés.
Em dias de festa, uma ajoié deverá vestir-se com seus trajes rituais, seus fios de contas, um ojá na cabeça e trazendo no ombro sua inseparável toalha, sua principal ferramenta de trabalho no barracão e também símbolo do óyé, ou cargo que ocupa.
A toalha de uma ajoié destina-se, entre outras coisas, a enxugar o rosto dos omo-orixás manifestados. Uma ajoié ainda é responsável pela arrumação e organização das roupas que vestirão os omo-orixás nos dias de festas, como também, pelos ojás que enfeitarão várias partes do barracão nestes dias.
Mas, a tarefa de uma ajoié não se restringe apenas a cuidar dos orixás, roupas e outras coisas. Uma ajoié também é porta-voz do orixá em terra. É ela que em muitas das vezes transmite ao babalorixá ou yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa.

Existem na casa o cargo de:



Iyatenin: é a primeira ekedi ;os olhos do sacerdote
Sidagã:é a segunda ekedi ;é responsável por vestir os voduns e cuidar de esú (Esse cargo também pode ser ocupado por uma vodunsi
Iyatebexé – Ekeji responsável pelos cânticos e rezas dos orixás
Iyásingè = responsável pela cozinha ritual
Iyáomoniye = cuida das tarefas referentes aos iniciados dentro e fora do quarto de Òrìsà.
Iyáoloye = semelhante a Iyáomoniye. Possui também atribuições específicas relativas aos possuidores de cargos, isto é: iniciado com mais de sete anos (Egbon) que recebeu funções de comando ou responsabilidade (Oye) dentro da própria Casa ou Família de Asé.
Kota mbakisi - cuida das divindades
Gonzegan - Cuida das Gonzen  (quartinhas) e do"Gra" que seria um estado selvagem do vodun. 

No candomblé do Engenho Velho ou Casa Branca, as ajoiés são chamadas de ekejis. No Gantois, de "Iyárobá". Já na nação de Angola, é chamada de "Makota de Angúzo".

O que a pessoa precisa para ser ekeji?

Um grande sentimento maternal, ser ekeji é cuidar dos filhos. Ekeji é mãe por excelência mas não quer dizer que terá que ser sempre boazinha, pelo contrário, a boa ekeji repreende, orienta, dá carinho, enxuga a lágrima e o suor, enfim ser ekeji é muito mais que ficar “pajeando” o zelador (pai ou mãe-de-santo) dando cafezinho na bandeja de prata e copo de cristal, isso é vassalagem e não cabe nas funções da ekeji.
Ela deve cuidar da comunidade de forma respeitosa e igualitária. As ekejis, são consideradas mães. São importantíssimas no decorrer de qualquer cerimônia, elas devem aprender a cantar, dançar, os oros, as folhas, os rituais, e tudo o que sua zeladora/o ensinar para dar o apoio necessário. Ser ekeji é motivo de grande felicidade e respeito aos compromissos e tradições da casa . Mas no seu posto ela só vai realmente ser respeitada quando mostrar aos seus filhos, que eles têm nela uma mãe de fato.

- uma ekeji estã sempre pronta para atender os orisás.
- sua função respeitar e ser respeitada (isso se adquiri com ações e comportamento.
- nunca estar sem seu pano da costa.
- estar sempre a disposição dos orisas para o que ele precise e não deixar que outros de fora o façam.
- verificar se as quartinhas (quartinha de desvirar e as dos orisas) estão cheias.
- estar com pano da costa e a dilonga com água a mão (ekejis).
- nunca deixar orisa sozinho no barracão ou em outro ambiente.
- se não sabe pergunte, não entende pergunte, se tem duvida pergunte, nunca haja por impulso.
- orisa (de seu irmão de santo) deve ser desvirado deitado, na sua casa, e em outras casas no apoti ou aperé (banco) ou de joelho. (com calma e respeito)
- aprender como louvar, cantar e até cuidar dos orisas.
- aprender tudo que se deve ou não fazer na casa de santo.
- aprender as comidas tanto de orisa como em ebos, principalmente áses a serem feitos (a cozinha é restrita as iyabas).
- em funções verificar se tudo está correto, em mãos para que sua mãe/pai de santo não tenha que se desviar para corrigir.
- nunca esteja de conversa enquanto sua yalorisa/babalorisa está trabalhando.
- ter suas roupas em dia e estender isso fora do barracão, como não usar preto ou roupa inapropriada na casa de santo ou bebendo sem a autorização da yalorisa/babalorisa - lembre-se vc é o exemplo.
- quarto de santo e de exú é sua responsabilidade também, (verificar desde cozinha a quarto de santo)
- desvirar o orisa da mãe/pai de santo somente a ekeji ou ogã dela (exceções os ogãns do seu avô/ó de santo).
- dar orientações aos filhos da casa - para isso fale com educação e se souber o correto.
- seus irmãos de santo são sua responsabilidade e o orisa também.
- aprenda a se impor com respeito e educação.
- vc tem certas regalias, mas não abuse delas, sua mãe/pai de santo ainda assim será superior a vc.
- humildade sempre é o melhor caminho.
- uma verdadeira ekeji ou um verdadeiro ogã se mostra com respeito, amor e principalmente livre de ciúmes, inveja, ódio, rancor ou preconceito.
- saber se colocar não quer dizer ser arrogante ou ter escolhas pessoais. Vc deve respeitar a todos e principalmente ser educada (o).
- uma verdadeira ekeji ou ogã segue o exemplo da mãe/pai de santo (tanto no àse como fora dele)
- agilidade sempre (mas não a pressa e a imperfeição).

O que mais dizer ?

Ser ekeji é ser amor...
É ser os olho do(a)
Zelador(a),
A cantiga, a palavra e a
Compreensão
Ser ekéji é ter o coração
Preenchido de,
Infinito amor, respeito
E zelo..
É ver a criança nascer...
Fecundar, cuidar...
Sob os seus abraços...
Um laço de vida e
Esperança..
A força, a fé e a magia
De cada vodun
É ser abençoada por
Deus e escolhida para
Dar continuidade...
É ser o doce gesto, o
Eterno acalanto, a mão
Que orienta, e conduz...
Luz infinita no exercício
Impecável de ser..
Mãe...
Que o plano que reside
Acima de nós
Para sempre nos orientar,
Guiar e proteger,
Para que nossas atitudes
Dignifiquem cada
Gota de energia de
Cada filho que nos é
Entregue nos braços, e
Que seus abraços
Representem à mágica
Troca na expressão
Infinita
Do verbo “amar” !!


5 comentários:

Anônimo disse...

makuiu, sou kytalomin makota de kaia, gostei muito de sua pagina, asé a todos q meu pai gongobila abençoe.

Hunso Sueli de Vodun Abe, Apetebi Osalofogbe disse...

Obrigada makota!Que minha mãe lhe abençõe!

Anônimo disse...

Boa tarde,


Nunca vi explicação tão simples e ao mesmo tempo explícita acerca do que é uma makota.
Infelizmente não é essa realidade que vemos em um candomblé. Ao contrário, quanto mais nkisi você "suspender", mais terá prestígio.
Quanto mais mau-educada você for, assim será melhor.
Fiquei muito triste e desiludida ao me deparar com essa triste realidade. Sem contar com os empurrões na roda e etc.
Mas, eu fui escolhida por minha mãe Oyá, e disso não posso me esquecer. É o que me dá forças para continuar... Mas, a realidade no candomblém é essa!! Obrigada por suas palavras de carinho e relevante reflexão do real papel da makota.

Obridada.

Conceição Souza

Hunso Sueli de Vodun Abe, Apetebi Osalofogbe disse...

Sua Benção!
Muito obrigada. Se toda MakotaEkeji tiver a humildade para entender seu verdadeiro papel, com certeza a realidade de muitos mudará. Faça a sua parte, seja exemplo, só assim as mudanças acontecerão.
Axé!

Blog do Marcio disse...

Muito bem desenvolvido esse texto. Altamente informativo!