quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ARVORES SAGRADAS .....final


Akikon'tin; Igi Eyè, Iyéyé ou Okika

O cajazeiro é um atin dedicado ao culto de Fá, é cultuada pelo bokonon (aquele que é sacerdote de Fá), onde são depositados seus fetiches e oferendas rituais e seus sacrifícios são feitos, geralmente com cabritos e frangos; também é oferecido vi, ami-vovo, sodabi, etc.
O nome Akinkon'tin é Fongbe; os nagôs e iorubás chamam esta árvore de Igi Eyè (Árvore do Pássaro) por causa do Ifá (Fá), cujo símbolo é o pássaro, ou chamam de Iyéyé (mamãe) devido a utilização de suas folhas pelas parturientes; eles também conhecem esta árvore como Okika.
Em Benin as cerimônias e festividades anuais de Fá são realizadas em torno deste atin, onde são reverenciadas outras divindades como os Azètɔ́, cuja grande ira deve ser aplacada, Legba, Gun, e outros relacionados. Os preceitos do Fá são voltados a atrair coisas boas, livrando-se das más, e dos maus espíritos. O espírito “mau” aqui em referência é o desencarnado popularmente denominado “Ahovi”.
Seus frutos são muito apreciados e muito nutritivos; suas folhas tem propriedades desinflamatórias e são muito utilizadas no pós-parto sob a forma de chás e para assepsia local. O Cajazeiro, Cajazeira, Cajarana, ou Cajaeiro é muito comum no Brasil, onde seu fruto é o conhecido cajá, possuindo espécies como cajá-manga (da Cajarana); cajá-mirim; etc.


Agon'tin; Agbon

O Coqueiro ou Coqueiro-da-Bahia, Agon'tin entre os fons; Agbon entre nagôs e iorubás, são tipos de palmeiras que dão o conhecido coco d'água (coco-da-bahia) muito apreciados na alimentação, na produção de óleo para alimentação e indústria, etc. Da mesma forma que as palmeiras em geral, sua palha tem grande utilidade; no Brasil a folha do Coqueiro é bem evidenciada nos rituais de Sarapokan, a última saída em que o iniciado apresenta o cabelo antes de ser raspado o vodun em Jeje Mahi, em substituição às folhas ainda verdes da Palmeira Raphia, ou mesmo de Dendezeiro, então o Coqueiro-da-Bahia é considerado um recurso quando não se tem a possibilidade de acesso ao devido material.
Existem casas de Candomblé da nação de Ketu que consideram o Coqueiro uma palmeira onde habitam Ogun e seu irmão Osösi (Oxóssi), este útimo à quem pertence o fruto que lhe é oferecido em seu prato votivo conhecido por asòsò (axoxô).
Os nagôs e iorubás reconhecem a palmeira Agbon uma árvore sagrada do Culto de Ifá, onde habita o espírito de Orunmila, referido como Agborinegun, o mesmo conhecimento do bokonon no Benin, onde o Agon'tin é a árvore do Culto de Fá onde habita o espírito de Ela (Elá).


Xè'tin)

Atin coberto de espinhos que é consagrado ao vodún Gédé, e plantado por ele mesmo antes de se transformar numa grande rocha em Kotokpa. Os fons denominam Xè'tin.
Há uma história que diz que Gédé fora um prisioneiro de Guerra do rei Glèlè apanhado numa de suas expedições contra os Ayonu, e que certa vez Glèlè decidiu decaptá-lo mas Gédé consegiu escapar de Abomey. Ele foi orientado por Dan a mudar sua rota de fuga e terminou em Kotokpa onde plantou o Xè'tin e se transformou em uma grande pedra, ocasião em que se une à Dan. O rei vendo tais feitos e consultando a Fá, no oráculo sagrado, passou a ser um gédenón (adorador do vodún Gédé), ocasião em que dedicou-lhe aquele local como sendo sua floresta sagrada, o gédézun.
Esta árvore é consagrada aos voduns Gédé e Dan, e a rocha que ali existe é o prório vodún que se transformou.
Recentes estudos farmacológicos vieram confirmar cientificamente a ação positiva deste vegetal no tratamento da anemia falciforme e da leucemia.


Kininu'tin

Oriunda da Índia onde é conhecida por Nim esta árvore é amplamente conhecida pelos fons sob o nome de Kininu'tin, existe também na Amazônia no Brasil; seus frutos possuem uma forte ação anti-bacteriana; o pó e o óleo de Nim são amplamente utilizados, assim como suas infusões, e também no preparo de sabões medicinais; é um forte repelente de insetos, e controla muitas pragas em lavouras. Sua utilização além de medicinal e repelente, é observada também nas demarcações de propriedades.

5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns este site é ótimo estava pesquisando para o colégio então achei-ó ,
Valeu !

Anônimo disse...

vo te q ?

Felix Marinho disse...

Assim como na África, o cajazeiro também está envolto em muitos mistérios no Brasil, onde é considerada uma árvore sagrada.

Na Casa Grande das Minas do Maranhão (Querebentã de Zomadonu), o cajazeiro é uma árvore de grande relevância, sendo ali consagrada a Nochê Naê. A Divindade de maior vulto na Casa das Minas, é considerada a mãe de todos os voduns, a matriarca da Família Davice (a principal Família de Voduns cultuada neste templo religioso secular), protetora das Tobossis e mentora espiritual do próprio templo religioso. Sua importância é tanta, que é a única Divindade a receber três celebrações religiosas anuais, chegando a superar em muitos aspectos ao próprio Vodun Zomadonu, patrono espiritual da Casa das Minas. Aos pés deste cajazeiro, consagrado a Nochê Naê, encontram-se grandes conchas marinhas (símbolos da riqueza). Evidenciando desta forma, prováveis ligações desta enigmática Divindade com as águas.

Na tradição religiosa Nagô-Yorubá, o cajazeiro é descrito em passagens dos Odús do Ifá como sendo a principal árvore consagrada a Iyámi Oxorongá, pois foi nele que todas as Ajés encontraram guarida e estabeleceram sua morada.

Por representar o sangue que é derramado sob a terra (um dos principais símbolos de Iyámi), está árvore também está fortemente vinculada ao Orixá Ogum. Na Casa Grande das Minas, se diz que a imolação ritual de animais propiciatórios aos voduns ali cultuados, são feitos sobre as folhas do cajazeiro, dispostas sobre o chão de terra do pondôme.

Na Nação de Angola-Congo, o cajazeiro também é reverenciado como uma árvore extremamente sagrada, sendo o santuário natural a muitos Inkices.

Felix Marinho disse...

Ao contrário dos candomblés nagô-yorubá, na nação jeje abrangente (sim, pois devemos salientar que existem diversas ramificações desta tradição religiosa perpetuada no Brasil e em toda a diáspora), os frutos de casca dura, alguns provenientes de árvores espinhosas e as próprias árvores que apresentam espinhos, são muito valorizadas ritualisticamente.

Sendo assim, alguns elementos vegetais que são considerados ewo nos cultos de origem nagô, são perfeitamente aceitos nos cultos jeje.

A paineira, cujo tronco é repleto de espinhos, é particularmente consagrada ao Vodun Azaunador. Que muitos pesquisadores consideram como sendo o mesmo Zomadonu, o principal entre todos os tohossu reais do Daomé e patrono espiritual da Casa Grande das Minas do Maranhão.

A alguns anos passados, assisti no Ilê de São Bento, à época da gestão do Doté Luiz de Jagun, seu fundador, uma grande e belíssima cerimônia em louvor ao Vodun Azanador. Que ocorreu aos pés de uma grande paineira sacralizada ali existente.

Felix Marinho disse...

Uma crítica a presente postagem.
Os elementos vegetais aqui apresentados, deveriam apresentar, se não suas taxonomias botânicas científicas, pelo menos suas denominações populares vigentes no Brasil. E não apenas seus nomes africanos.