segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O QUE COME CADA ORIXÁ - 5ª PARTE - ANGOLA





MAKURIÁ NZAMBIRI KIA MINKISI (COMIDAS SAGRADAS DOS MINKISI)


Na cultura dos povos Bantu, diferentemente da cultura Nagô Yorubá não se usa louça,...... são servidas no barro, em cabaças, madeira ou até mesmo utilizando-se de folhas de mamona branca (baiki mundele) e banana (dihonjo), pois os Minkisi são os próprios elementos da natureza, a própria energia que emana da mãe natureza (Mam'etu Utukilo), dispensando assim o uso de quaisquer utensílios que não sejam de origem natural.

PAMBU  NJILA      
NOME DO PRATO: EBEGU
Prato preparado com fubá de arroz cozido em água e sal até formar uma papa, que depois de cozida será adicionada a uma farofa de azeite de dendê, o produto obtido será juntado às carnes cruas das obrigações realizadas para Pambu Njila, sendo tudo colocado em pratos (malonga) aos pés do assentamento desse Nkisi.

NKOSI
NOME DO PRATO: OKELELE
Feijão fradinho pilado ou passado em moenda, temperado com folhas de hortelã, coentro, cebola (lúmbua) ralada e azeite de dendê.
A massa obtida será enrolada em forma de pequenas bolas, colocadas em folhas de bananeira e cozidas em vapor de água.
Serão servidas em vasilhas de barro forradas com folhas de mamona branca (baiki mundele).

MUTAKALOMBO
 NOME DO PRATO: MASAMBALA
Prato preparado com canjiquinha de milho vermelho cozida em água e sal, temperado com coentro, alfavaca e cebola (lúmbua) ralada. Depois de bem cozida, colocar em vasilha de barro forrado com folhas de mamona.
Enfeitar com amendoim torrado (Ngiguba), fatias de goiaba (Kimbambule), coco ralado e cipó barba de velho ou cipó chumbo (kamusoso)

KATENDE
NOME DO PRATO: KIKUA NI KIBABA
Comida feita com milho vermelho cozido ou torrado no azeite de dendê (maji ma ndende), colocado em vasilhame de barro forrado com folhas de mamona, tendo por cima uma batata doce cozida aberta ao meio horizontalmente e ao seu redor fatias de goiaba (Kimbambule) e fumo de rolo (kifuke ia kupunda) desfiado, tudo regado com mel de abelhas.

NZAZI
NOME DO PRATO: KIBOLO
Prato preparado com quiabos cozidos em rodelas não muito finas, temperado com sal, cebola ralada, folhas de louro e camarões (makosa) secos.
Depois de bem cozidos, pôr em vasilha de madeira e adicionar uma papa feita com farinha de arroz ou farinha de acaçá (mukunga), podendo nesta comida serem misturadas as carnes dos animais que foram utilizados nos rituais para essa Divindade.

KAVUNGU
NOME DO PRATO: KUSUANGALA NI DIHONJO....
Prato preparado com pirão de arroz, temperado com folhas de maravilha, louro, mastruço, cebola ralada e sementes de coentro piladas, um pouco de pimenta da costa e azeite de dendê. Colocar em uma vasilha de barro forrada com folhas de mamona, bananas da terra cortadas em rodelas e ligeiramente fritas em óleo branco, depois polvilhar com canela em pó, colocando por cima o pirão anteriormente apurado.

KITEMBU/NTEMBU
NOME DO PRATO: DIHANGUA NI KANJERE
Cozinhar uma abóbora vermelha, abri-la por cima e retirar ramas e sementes.
Recheá-la com camarões secos cozidos em água temperada com folhas de louro, hortelã e coentro. Depois refogar em azeite de dendê juntamente com castanhas de caju, amendoim, cebola batida e um pouco de vinho tinto.
Servir em vasilha de barro, forrada com folhas de mamona branca e cipó chumbo.

ANGORO
NOME DO PRATO: MBONZO
Cozinhar batatas doce em rodelas não muito finas, temperando durante o cozimento com canela em casca, cravos e uma pitada de pimenta da costa em pó e pó de aridan.
Escorrer e seca-las bem, depois fritar as rodelas de batatas doce em azeite de dendê e servi-las em travessa de barro ou em uma cabaça cortada ao meio, forrada com folhas de mamona branca ou guaco, podendo acrescentar ainda um pouco de melado de cana.

NZUMBARANDÁ
NOME DO PRATO: DOVRÓ
Prato feito com feijão fradinho cozido em água e sal, temperado com folhas de salsa e funcho. Depois retirar as peles dos feijões, os mesmos serão refogados com azeite de dendê e camarões, acrescenta-se carne cozida de peixe de água doce.
São colocadas pequenas porções em folhas de taioba que depois serão recozidas em banho Maria.
Colocar em vasilha de barro forrada com folhas de taioba.

NVUNJI
 NOME DO PRATO: KIVÚDIA
Prato feito com quiabos cortados ao longo em cruz, refogados com azeite de dendê, cebola, folhas de mostarda, camarões, água e sal. Depois de quase pronto, acrescenta-se amendoim e castanha de caju.
Servir em vasilha de barro forrada com folhas de laranjeira (muxi-mindéle).

KAIANGO/MATAMBA
NOME DO PRATO: MAKANZÁ
Bolo feito com massa de feijão fradinho, cebola (lúmbua), farinha de camarão (kazeia makosa), sendo acrescentados camarões secos fritos no azeite de dendê (maji ndende) bem quente.
Depois de esfriar servir em vasilha de barro forrado com folha de banana.

NDANDALUNDA/NDANDA
NOME DO PRATO: DIKENDE
Massa de feijão fradinho temperada com ervas aromáticas, cebola ralada, camarões secos e gengibre ralado.
Enrolar em folhas de bananeira e cozinhar ao vapor da água.
Servir em uma cabaça cortada ao meio e forrada com erva de Santa Maria (kixiriximba)

KUKUETO
NOME DO PRATO: KUBALUMUKA KAITUMBA
Prato com arroz cozido com cebola e camarões, temperado com azeite de dendê e coentro, tendo por cima uma tainha frita no azeite de dendê ou simplesmente cozida.
Servir em prato de barro forrado com folhas de colônia ( kididi kiá utunge).

LEMBÁRIANGÁNGA/NLEMBÁ
NOME DO PRATO: MATETE
Prato feito com milho branco bem cozido em um chá forte de erva doce e canela em casca com leite de coco e açúcar, mexendo-se bem até formar uma massa consistente.
Enfeitar com coco ralado e servir em uma cabaça cortada ao meio forrada com folhas do algodoeiro (mujinha).

TEREKOMPENSU

 1 - Em alguidar ou tigela forrada colocar feijão fradinho bem cozido junto com amendoim cozido.     Temperar com azeite doce e cebola ralada.
 2 - Cozinhar junto canjica branca e canjica vermelha. Temperar com azeite doce.
 3 - Feijão fradinho bem cozido, socado. Formar 8 bolas e intercalar com 8 ovos cozidos. Temperar com azeite doce.
  4 - 6 espigas de milho cruas, bem raladas (ralo novo ou de plástico, para não mudar a cor da papa), misturar a papa com canjica cozida. Temperar com açúcar mascavo ou açúcar cristal ou rapadura ralada.
GOSTARIA DE FAZER UM COMENTÁRIO SOBRE AS COMIDAS SAGRADAS!


Algumas pessoas acham que quando ofertamos uma comida para uma determinada Divindade, seja Nkisi (Angola/Congo–Bantu) ou Orisá (Nagô Yorubá–Ketu), essas Divindades vêm de alguma forma para saborearem essa comida. Na verdade é tudo questão de energia...
A terra e a água são fontes de pura energia, para nós são as próprias Divindades...... são delas que vêm os alimentos, que também são energias.......essas energias (alimentos), são levados ao fogo (que também é um elemento energético).
Os alimentos em contato com o calor do fogo, juntamente com os temperos que são acrescentados, fazem com que ocorra uma fusão energética.
Essa energia exalada em forma de aroma (cheiro, odor) junto com as cantigas (Mimbu - plural Muimbu) e as rezas (Jingorosi - plural Ngorosi), que também são energias, que vêm em forma de pensamentos e palavras que saem para o espaço energético através da boca ......... ligam o alimento ofertado com a Divindade à quem estamos agradando e agradecendo, fazendo com que nossos pedidos se misturem à essas energias, que se propagam e se misturam no universo, que fatalmente nos devolverá, em forma de êxitos.




Texto:Tata Kiretauã

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O QUE COME CADA ORIXÁ - NO BATUQUE/CABINDA - 4ª PARTE

OFERENDAS DE YEMANJÁ



IEMANJA BOCI BOMI



Canjica branca cozida misturada com salsa e merengues. Opcional: flores, leque, pente, espelho, perfume, peras, melancias, manjar de coco, tainha ou corvina assada. Lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Iemanjá Bocí, Bomi  - Na beira da praia ,  água salgada ou doce.



IEMANJA NANÃ BOROCOM



Canjica branca, açúcar e merengues.Opcional: flores, leque, pente, espelho, perfume, peras, melancias, manjar de coco, tainha ou corvina assada. Lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia,  água salgada ou doce.



OFERENDAS DE OXALÁ
OXALÁ OBOCUM E OLOCUM



Canjica branca, 08 fatias de coco fruta descascadas, cocadas, coco ralado e feijão miúdo descascado. Opcional: flores, peras, uvas, doce de coco qualquer, manjar branco, maria moles. Lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia,  água doce ou salgada.

OXALÁ DACUM



Canjica branca, axoxó descascado, cocadas, coco ralado, 08 fatias de coco fruta descascados. Opcional: flores, peras, uvas, doce de coco qualquer, manjar branco, maria moles. Lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia,  água salgada ou doce, ou na correnteza das águas.

OXALÁ JOBOCUM



Canjica branca, cocadas, 08 fatias de coco fruta descascados, coco ralado. Opcional: flores, peras, uvas, doce de coco qualquer, manjar branco, maria moles.Lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia.





Acarajés Mãe Iansã:
Feijão miúdo de molho por 24 horas, batido com temperos, frito no azeite comum.

Acarajés Pai Oxalá:
Feijão miúdo de molho por 24 horas, sem casa, batido e frito no azeite comum.





Texto e fotos: Jairo de Xapanã
 http://www.iledexapana.brtdata.com.br/orixas/ebosorixa/ebosorixa.html

O QUE COME CADA ORIXÁ - NO BATUQUE/CABINDA - 3º PARTE

OFERENDAS DE OBÁ




Canjica amarela cozida, feijão miúdo cozido, misturados com salsa picada e azeite de dendê.  Opcional: lentilha cozida, abacaxi, rosa cor de rosa, leque, espelho, pente, brincos, pipoca, doces de massa, orelha de macaco, balas de goma. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: No cruzeiro aberto ou no mato ou na figueira.

OFERENDAS DE OSSANHA



Um opeté de batata inglesa sem casca, um opeté de batata inglesa com casca e pipocas. Opcional: lingüiça de porco frita ou assada, ovo cozido, figo, abacate, melão, mamão, alface, moedas. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha:  Num coqueiro de mato ou num coqueiro de praia ou na figueira


OFERENDAS DE XAPANÃ



Xapanã Jubeteí, Belujá, Sapatá


Feijão preto torrado, amendoim torrado, e pipocas. Opcional: opete de batata inglesa, decorado com milho, feijão e amendoim, pés-de-moleque, fatias de coco fritas no dende. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha:


Xapanã Jubeteí:Na figueira de mato ou no mato.


Xapanã Belujá: Numa figueira de praia ou numa figueira de mato ou no mato.


Xapanã Sapatá: Numa figueira de mato.


OFERENDAS DE OXUM


Oxum Epandá Ibeje



Canjica amarela cozida, 08 doces de massa, 01 maçã verde partida em 04 pedaços, balas, bombons, pirulitos e quindins.Opcional: brinquedinhos de menina, balões, Omolocum( bola de feijão míúdo cozido em forma de bola furado ao meio e mel.Oxum. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia ou numa pracinha de crianças(próximo aos balanços.


Oxum Epandá

Canjica amarela e quindins.Opcional: flores, pudim, ambrozia, cerejas, doce olho de sogra amarelo, leque, espelho, pente, perfume, Omolocum( bola de feijão míúdo cozido em forma de bola furado ao meio e mel.
O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia de água doce ou salgada, ou na beira de uma cachoeira


Oxum Ademum



Couve partida fina, refogada com farinha de milho, gema de ovo cozido esmagado e misturado com a couvee moedas.Opcional: flores, pudim, ambrozia, cerejas, doce olho de sogra amarelo, leque, espelho, pente, perfume, Omolocum( bola de feijão míúdo cozido em forma de bola furado ao meio e mel. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia de água doce ou salgada, ou num coqueiro junto à praia.


Oxum Olobá



Feijão miúdo cozido e enfarofado com farinha de mandioca, 04 ovos cozidos partidos. Opcional: flores, pudim, ambrozia, cerejas, doce olho de sogra amarelo, leque, espelho, pente, perfume, Omolocum( bola de feijão míúdo cozido em forma de bola furado ao meio e mel. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia de água doce ou salgada, ou figueira junto à praia, ou pedra junto à praia.


Oxum Adocô



Canjica amarela e canjica branca e quindins. Opcional: flores, pudim, ambrozia, cerejas, doce olho de sogra amarelo, leque, espelho, pente, perfume, Omolocum( bola de feijão míúdo cozido em forma de bola furado ao meio e mel. O lugar onde se leva as oferendas e onde se despacha: Na beira da praia de água doce ou salgada.


continua.........

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O QUE COME CADA ORIXÁ - NO BATUQUE/CABINDA - 2ª PARTE

OFERENDAS DE IANSÃ




IANSÃ OIÁ TIMBOÁ



Pipocas, 07 rodelas de batata frita no azeite comum, 01 maçã, 01 moranga cozida recheada com carne moída.Opcional: rosa vermelha, leque, espelho, perfume, jóias, manga, morango, bombom vermelho, acarajés, doce de batata doce, doce de abóbora, abóbora, par de alianças, fitas, laços, cerejas. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: Em uma Figueira.


IANSÃ OIÁ DIRÃ



Pipocas, 07 rodelas de batata frita no azeite comum, 03 batata doce assada, 01 maçã, 01 panela de batata inglesa cozida, 07 palheiros. Opcional: rosa vermelha, leque, espelho, perfume, jóias, manga, morango, bombom vermelho, acarajés, doce de batata doce, doce de abóbora, abóbora, par de alianças, fitas, laços, cerejas. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: No cruzeiro..


IANSÃ OIÁ



Pipocas, 07 rodelas de batata frita no azeite comum, 01 batata doce assada, 01 maçã. Opcional: rosa vermelha, leque, espelho, perfume, jóias, manga, morango, bombom vermelho, acarajés, doce de batata doce, doce de abóbora, abóbora, par de alianças, fitas, laços, cerejas. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha:: No mato próximo a uma árvore, em uma árvore próximo da beira da praia, na beira da praia.






OFERENDAS DE XANGÔ


XANGÔ AGANDJÚ IBEJE




Amalá - Pirão (farinha de mandioca e farinha de milho), ensopado de carne de peito, temperado com alho, cebola e mostarda cozida só no bafo da panela da carne, 06 bananas da terra ou Catarina, 01 maçã vermelha partida em 04 partes, 06 doces de massa, balas, pirulitos, bombons, mil folhas. Opcional: morango, caqui, bombons, mil folhas e doces de massa, brinquedos, refringentes, balões, mariolas. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: Numa pedreira de praia ou numa pracinha de crianças (próximo dos balanços).


XANGÔ AGANDJÚ

Amalá - Pirão de farinha de mandioca, ensopado de carne de peito bem picada e cozida, temperada com alho, cebola e mostarda cozida, 06 bananas da terra ou Catarina, 01 maçã vermelha partida em 04 partes. Opcional: morango, caqui, bombons, mil folhas e doces de massa, mariolas. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: Numa pedreira de beira de praia






XANGÔ AGODÔ

Amalá - Pirão de farinha de mandioca, ensopado de carne de peito bem picada grande e cozida, temperada com alho, cebola e mostarda cozida, 12 bananas da terra ou Catarina, 01 maçã vermelha partida em 04 partes. Opcional: morango, caqui. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: Numa pedreira de mato ou numa pedreira de cachoeira.


OFERENDAS DE ODÉ/OTIM

Costela de porco frita no azeite comum, miamiã doce (farinha de mandioca e mel, feijão miúdo torrado e pipocas. Opcional: doces, balas, bombons, pirulitos, refrigerantes, brinquedos, mamadeiras.
O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: Odé: Num coqueiro de mato ou num coqueiro de praia. Otim: Num coqueiro de mato ou num coqueiro de praia.

continua........

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O QUE COME CADA ORIXÁ - NO BATUQUE/CABINDA - 1ª PARTE

OFERENDAS DE BARÁ




BARA LODE

Milho torrado, pipoca, 07 batatas inglesas assadas, 07 opetés de batatas inglesas cozidas e amassadas sem casca com dendê. Opcional: morango, bombom com papel vermelho, chave de batata inglesa. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: No cruzeiro aberto, no cruzeiro de mato.



BARA LANÃ OU BARA ADAGUE

Milho torrado, pipoca, 07 batatas inglesas assadas. Opcional: bombons, gomos de bergamota, chave de batata inglesa. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha:  Bará Lanã: No cruzeiro aberto, no cruzeiro de mato. Bará Adague: No cruzeiro aberto.

BARA AJELU


Milho cozido (axoxó), pipoca, 07 batatas inglesas mal cozidas e descascadas com uma colher, 07 tiras de coco fruta sem casca, 07 balas de mel. Opcional: bombons, doces coloridos, doces de massa.  O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: No cruzeiro aberto de praia, na beira da praia em local seco.

OFERENDAS DE OGUM



OGUM AVAGÃ

Churrasco de costela de gado frito no azeite de dendê, miamiã gordo. Opcional: doce de laranja azeda, cana de açúcar, espigas de milho.  O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha: No mato, no cruzeiro aberto, no cruzeiro de mato.

OGUN ONIRA E OLOBEDÉ

Churrasco de costela de gado frito no azeite de dendê, miamiã gordo, pipocas. Opcional: doce de laranja azeda, cana de açúcar, espigas de milho, rocambole, fatias de coco. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha:  Ogum Onira: No mato próximo a uma árvore. Ogum Olobedé: No mato próximo a uma árvore, ou, próximo a uma árvore com pedras ou cachoeira.



OGUM ADIOLA

Costela assada, passada no nhame-nhame, canjica branca, canjica amarela, quindim, cocada, merengue, laranja. Opcional: doce de laranja, cana de açúcar, espigas de milho, rocambole, fatias de coco. O lugar onde se leva as oferenda e onde se despacha:  No mato próximo a praia, árvore próxima à beira da praia, no mato próximo a uma cachoeira.



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O QUE COME CADA ORIXÁ - 4ª PARTE

OXUM- A DONA DA FECUNDIDADE E DAS ÁGUAS


Omolocun
Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, é a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino. As mulheres que querem engravidar se recordam de Oxum, presenteando-a com uma bacia de louça contendo Omolocum (feijão fradinho, dendê, camarão seco, cebola e ovos inteiros cozidos). Quando seu pedido é atendido levam até uma nascente de água doce bijuterias como forma de agradecimento. Oxum adora ser lembrada. Come também o ipeté, comida a base de inhame temperada com camarão e dendê. Ado - é uma comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel.

LOGUNEDÉ – DONO DA RIQUEZA E BELEZA



É o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e de Oxóssi, Deus da terra e da água. É sem dúvida, um dos mais belos orixás do Candomblé já que a beleza é uma das principais características de seus pais. O caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logunedé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade. Como sua principal característica é a beleza, as pessoas recorrem a ele quando querem ser notadas, pois a alquimia de oferecer-lhe milho cozido, com feijão fradinho acompanhado de um peixe assado em folha de bananeira transfere a este indivíduo o encanto deste orixá


IANSÃ - OIÁ - A MULHER GUERREIRA

Akaraje

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Niger, é importante e atravessa todo país. Rasgado espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes e por esse motivo tornou-se conhecido pelo nome de Odò Oya, já que na língua iorubá ya, significa rasgar, espalhar. Esse rio riu e é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove céus, dos nove filhos, do rio de nove braços, Iansã. Embora seja saudada como a deusa do rio Niger, esta relacionada ao elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, do raio que corta o céu no meio da chuva, é a filha do fogo.
A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que fecha sem chover. Iansã é lembrada como a senhora dos nove partos. O número nove é parte integrante de seu nome e aparece em várias passagens de sua história. Mas com nove acarajés (sua comida) pode-se conseguir vencer grandes batalhas e atingir as maiores dadivas junto a Iansã. Esta deusa também se alimenta de farofa de mandioca refogada no dendê, camarão defumado e cebola ralada tudo levado ao fogo com uma pitada de sal.


OBÁ - O ORIXÁ DO CIÚME


Abará
Uma das mulheres de Xangô, recebe abará - feijão fradinho descascado e moído com cebola, camarão e dendê, envolvido em folha de bananeira e cozido no vapor.


EWÁ - DEUSA DA BELEZA

Batata doce
Gosta de banana-da-terra e batata-doce. Em algumas casas recebe feijão fradinho com coco e dendê.


IEMANJÁ- A RAINHA DO MAR

Eboya
A grande rainha de todas as água do mundo sejam elas doces ou salgadas, dos rios ou dos mares, a deusa sincretizada no Brasil como protetora dos navegantes e pescadores. Diferente do que todos pensam, Yemanja é cultuada na África em rio de água doce, que leva seu nome, somente no Brasil ela foi unificada as águas salgadas, as grandes sacerdotisas ressaltam que o correto lugar para o culto desse orixá é o encontro de águas, salgadas e doces. Na Bahia os devotos de Yemanja oferecem a ela Eboya, uma refeição a base de canjica molho de camarão defumado, cebola ralada e azeite doce. Fazendo seus pedidos de proteção e boa pesca


XANGÔ - ORIXÁ DA JUSTIÇA E DO PODER

Amalá

Nem seria preciso falar do poder de Xangô, porque o poder é sua síntese. Xangô nasce do poder e morre em nome do poder. Rei absoluto, forte e imbatível. O prazer desse orixá é o poder, ele manda nos poderosos, manda em seu reino e em reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis, não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais energia que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho , goza certa. O amalá é a comida mais elaborada do Candomblé. Representa dignidade e o poder de Xangô é a própria organização do reino de Oió (cidade da África). Este preparo compõe-se de quiabo, dendê, pó de camarão seco, cebola e gengibre, todos os ingredientes levados ao fogo bem apurados, posteriormente servido em gamela (forma de madeira), os pedidos de justiça ao evocar Xangô são inúmeros. Gosta de mesa farta.


OXALÁ – O CRIADOR
                       













              Na África, todos os orixás relacionados a criação são designados pelos nomes de Orixalá, ou seja, (o grande orixá), que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, o rei do pano branco. Eram cerca de 154 os orixás, mas no Brasil, a quantidade se reduz significativamente, sendo que dois orixás Olúfón, rei de Ifon (Oxalufã), o bom comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), tornam-se suas expressões mais conhecidas. Oxalá é o Deus que cria; aquele que veste branco, o sábio, que prega a paz. Na turbulenta movimentação das grandes cidades os òmo orixá (filho do deus), encontram a paz, a serenidade e o equilíbrio para o recomeço de uma nova jornada alimentando-o com uma grande bacia de canjica branca cozida – Ebô. Come também inhame, arroz branco e acaçá. Não come dendê e sal.


continua.......

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O QUE COME CADA ORIXÁ - 3ª PARTE









OXÓSSI / ODÉ - O PROVEDOR
 


Axoxo
Oxóssi é o orixá da caça, senhor das florestas e de todos os seres que a habitam, orixá da fartura e da riqueza, protetor dos agricultores, símbolo de prosperidade, não há adepto desta religião que não o alimente, ofertando-lhe o axoxo (milho cozido com fatias de coco fresco) aos pés de uma árvore, em busca de sucesso econômico. Aprecia frutas de vários tipos. Tem mel como tabú.

 

OBALUAYE – ORIXA DAS DOENÇAS E DA SAUDE 


Deburu

Omolu é a terra. Essa afirmação resume perfeitamente o perfil desse orixá, o mais temido entre os deuses do Candomblé, o orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas. É preciso esclarecer que Omolu está ligado ao interior da terra e isso denota uma intima relação com o fogo, já que esse elemento como comprova os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta. O indivíduo enfermo recorre sempre a este orixá, ofertando-lhe um cesto de pipocas (que representam feridas espalhadas pelo seu corpo) com lascas de coco fresco em contato direto com a terra. Também gosta de milho torrado, feijão preto, Mossoró(massa de feijão fradinho temperado com camarão seco e frita) atafum (bola de feijão preto temperado).

OSSAIM - O DONO DAS FÔLHAS



Milho torrado com fumo

Kó sí ewé, kò sì orixá, ou seja, (sem folha não há orixá). Ossain conhece os segredos e as palavras que despertam o poder das folhas, é conhecido como um grande feiticeiro. Quem busca cura em tratamentos medicinais não deve esquecer-se desse orixá, deixando no centro de uma mata fechada uma grande cumbuca de barro com milho vermelho, lascas de fumo, camarões secos, regados com o perfume e aroma do mel e do dendê. Recebe,ainda, o efó ( refogado de vários tipos de folha, como a taioba, a mostarda e a folha de quiabo).

OXUMARÉ- O ORIXÁ DO MOVIMENTO


 Banana da terra
Quando se visualiza o arco-íris, é possível sentir a presença de Oxummaré o orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a terra também se encontra em constante movimento. Não é possível imaginar o planeta terra sem movimentos, translação e rotação; Oxumaré é o eixo do mundo, os adeptos que almejam o equilíbrio se curvam a esse orixá ofertando-lhe uma rica farofa de dendê com ovos cozidos. Gosta de massa de batata-doce e da banana-da-terra frita no dendê.

NANà - A ANCIà



 Efó


Nanã é a deusa dos mistérios, sua origem é simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua (Deus das águas salgadas) separou a água parada que já existia, libertou do “saco da criação" a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama nos pântanos, local onde se encontram os maiores segredos de Nanã. Senhora de muitas conchas Nanã sintetiza a morte. As grandes mulheres do Candomblé se reverenciam a esse orixá por toda trajetória de suas vidas, fazendo com que    o tempo de sua existência se estenda. Aos sábados no cair da noite sempre iam ao mangue oferecer uma comida chamada Andaré. Trata-se de um vatapá de feijão fradinho, sem adição de dendê. O ritual não aparece no momento de oferecer a comida, mas no momento de prepará-la, pois aí se sente sua presença. Aprecia também o acaçá dissolvido em água de mel, o omitorô(água do cozimento da canjica com mel), Efô é uma comida ritual e da culinária baiana , pode ser feita com folha de mostarda ou da folha chamada língua de vaca . 

continua........ 

O QUE COME CADA ORIXÁ - 2ª PARTE





Na África, os orixás eram muitas vezes os elementos primordiais de uma cultura social baseada em linhagens de parentesco. A primeira preocupação dos senhores era desfazer esses laços, dispersando os grupos de uma mesma etnia para evitar possíveis revoltas de escravos. Todavia, esse fato levou os africanos e seus descendentes a se voltar para tudo àquilo que, em meio à hostilidade dos senhores, poderia preservar sua identidade, ou seja, as histórias e rituais de seus orixás. Os motivos socializadores de oferecer rituais e comidas aos deuses do Candomblé auxiliam no fortalecimento dos laços religiosos e éticos que unem os adeptos das religiões afro-brasileiras, contribuindo para o aumento do contato entre os homens e os orixás. O costume de oferecer reforça a fé e as identidades. Os muitos procedimentos da culinária sagrada, os detalhes e a sofisticação dão qualidades especiais a cada prato individualmente, forma, estética, sabor, sentidos simbólicos aos alimentos. Há sentido e função em cada ingrediente e há significado nas quantidades e nos procedimentos, pois comer é antes de tudo se relacionar.

Para melhor entender a interação entre oferecer o alimento, sua simbologia e como este refletirá na vida do homem, é preciso conhecer as características dos deuses. Associando o que é oferecido e a quem é oferecido, podendo assim compreender o sentido do ritual. Para que a troca ou transferência de energia ocorra, é preciso que o homem esteja em sintonia no momento do ritual, com seus objetivos e com o orixá.

EXÚ - O COMUNICADOR

 Pade de dendê

Exu é a figura mais controvertida do panteão africano, o mais humano dos orixás, o senhor do principio e da transformação. Deus da terra e do fogo. Ele é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Todos que tem uma vida próspera no Candomblé sabem cultuar Exu. Nenhum sacerdote da religião pode negar que quem traz dinheiro para o terreiro é Exu, e que uma farofa cobrindo a rua (sua moradia) opera os maiores milagres emergênciais. Esta farofa tem como constituinte na sua preparação o azeite de dendê, esta é a principal comida do orixá Exu, é uma representação do alimento diário. Sua preparação se dá através da mistura de farinha de mandioca grossa com azeite de dendê, em quantidades proporcionais. Exú come de tudo, contando que esteja regado com  muito azeite-de-dendê e ataré, pimenta. Exu recebe ainda, pratos á base de milho vermelho torrado, feijão preto torrado no dendê e farofas de vários tipos: farofa de mel, de água, de cachaça, de vinho, de champanhe, de cerveja, embora se saiba que, como “dono do azeite”, a farofa de azeite é sua iguaria preferida.

OGUM - O GUERREIRO

 Inhame



A maior de todas as guerras, que se trava desde os primórdios da humanidade, é a luta pela sobrevivência. Ogum consagrou-se um grande guerreiro porque sempre conduziu a humanidade na luta pelo sustento, pelo pão e pelo progresso. Desbravador e corajoso não tardou em ser coroado rei. Conquistou vários territórios e foi saudado com fervor em toda África negra. Ogum é guerreiro que, além de caminhar incansavelmente sobre a terra, arranca dela seu sustento e divide com outros orixás como Oxaguiã, o gosto pelo inhame, com a diferença que Ogum prefere assado, ou seja, a comida que o serve é menos elaborada e por isso vem de encontro as suas características. Aquele que está frente a grandes batalhas pode recorrer a Ogum, ofertando-lhe o pão de cada dia (inhame), assado em brasa e deixado em uma longa e plana estrada, que é muito bem aceito por este orixá. A ele se oferece inhame  assado, milho torrado e aluá ( bebida fermentada de rapadura de gengibre),inhame assado e espetado com taliscas de Mariwo, como também come o inhame simplesmente cortado ao meio, passado mel e dendê . Recebe feijão preto em forma de feijoada, milho vermelho torrado e enfeitado com coco . Acredita-se que os Orixás guerreiros comem também cru ou torrado pois eles não tem tempo de esperar...

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O QUE COME CADA ORIXA - 1ª Parte


“ Cozinha do santo” é, assim, mais que um lugar determinado que, em terreiros de estrutura maior, os mais antigos, se tem para preparar somente os pratos dos Orixás e, sim, um espaço criado e redefinido a cada momento, no terreiro, através da separação dos objetos, utensílios e mudanças de comportamento. Tudo participa do sagrado: o espaço em si , as panelas, travessas, pratos, bacias, cestos, peneiras, colheres de pau, ralos, o pilão, as frigideiras, formas de assar e sobretudo as pessoas que nele transitam.




A cozinha é cheia de interdições como: não conversar mais que o necessário, não falar alto, gritar, cantar ou dançar músicas que não sejam do santo; não entrar pessoas que não sejam iniciadas-dependendo do que se estiver fazendo, somente um número muito restrito-não admitir que mulheres menstruadas permaneçam nela, etc. Neste espaço sacralizado, tudo vai ganhando significado: a bacia que cai, o garfo, a faca, a colher, o óleo que faz fumaçar o fogo, etc. Na cozinha se aprende além do “ponto” certo de determinado prato, que não se dá as costas para o fogo, não se joga sal no chão, não se mexe comida de Orixá com colher que não seja de pau, que a comida mexida por duas pessoas desanda, que não se joga água no fogo e que muitas pessoas por terem o sangue ruim fazem a comida desandar. Ou que a presença de pessoas de um determinado Orixá faz com que uma certa comida não dê certo, como por exemplo: em cozinha onde se tem gente de Xangô o milho de pipoca queima antes de estourar. Pela cozinha, entram as pessoas de maior prestígio na Religião e é nela própria que, em certas ocasiões, muito antes mesmo de se chegar no peji do Orixá, que este é consultado a fim de se saber se a comida foi bem preparada ou não.

Embora marcada por vários limites, a cozinha é mesmo escola mestra, local onde se aprende as lições mais antigas, através do exercício longo e paciente da observação. Local onde permanecem por maior período de tempo os iniciados, seja varrendo, lavando, limpando, guardando, acendendo ou mantendo o fogo, cozinhando, com olhos e ouvidos atentos a tudo que se passa nela. Daí entende-se o dizer corrente: Candomblé mesmo é cozinha!!!” Talvez por ser ela mais que um local de transformação e sim de passagem e transmissão de conhecimento, por onde transita algo essencial que ultrapassa os limites das oposições por situar-se no mais intimo e profundo ser do homem: o comer.

[...]A comida de Orixá articula-se num universo que estabelece diferenças e “oposições”. As primeiras dizem respeito ao que se come, ao que não se come e ao não comer; ou ainda, ao como se come e com quem . As oposições são formuladas, quanto à origem, em comidas secas e comidas de ejé. As comidas secas são também chamadas de comidas frias. São todas aquelas não provindas do sacrifício animal, ou as que são à base de grãos, raízes, folhas e frutas. Por sua vez, uma outra oposição relacionada ao quente e ao frio surge tomando como referência o azeite-de-dendê e a pimenta ao lado de outros ingredientes.

[...]Outra maneira de formular as “oposições”, diz respeito à passagem mítica da vida de cada Orixá. Assim, há os que comem com pressa, aos que recebem comidas sem forma, amassadas e aqueles que gostam de comidas mais detalhadas. Isso explica a diversidade de iguarias numa cozinha em que há os que comem cru, mal passado, torrado, frito, cozido e amassado.

Dentro desse universo, o azeite-de-dendê ao lado da folha de banana cumprem uma função fundamental. Dendê é força, origem. Seu óleo está associado ao esplendor de algumas civilizações ou, ainda, à criação. A bananeira, por sua vez, liga-se ao crescimento e à transformação. Ela é a cama, sobre a qual, tudo que repousa, se deita sobre ela . E tudo que se enrola é envolto nas suas folhas verdes ou secas e amarrado com suas própria fibras.

[...] “cozinha africana” , esta é entendida como um conjunto de técnicas, formas e maneiras de preparar, trazidas pelas diversas etnias africanas, que aqui foram conservadas e reelaboradas, ao lado de outras inventadas. Assim, também, a cozinha dos Orixás. Não se trata de voltar à África, mas fazer com que tal cozinha se torne africana.

[...]O que faz a comida de Orixá é um ritual profundamente complexo, elaborado e articulado segundo códigos e princípios, alguns deles de “porque” perdido no tempo. Daí entender-se, mais uma vez, a frase que diz: “ Tem gente que pensa que é só comida.”

O segredo desta culinária é comandado pela guardiã da cozinha, a Yabassê. Aquela que “muito faz e pouco fala.” Quando se fala da sacerdotisa da comida, as formas mais antigas de transmissão do conhecimento trazida pelas diversas etnias africanas vão ser evocadas: a observação e a convivência. E o mestre dos mestres será mais uma vez chamado: o tempo. O conhecimento ritual, o respeito, a criatividade e o comando apresentam-se como o perfil da Yabassê e orientam à sua escolha, mesmo que, hoje, nos “novos tempos,” poucas sejam as mulheres que se disponham a tal cargo; não pelo gosto, mas pelas funções assumidas por elas na sociedade. [..] “Yabassê é aquela que muito faz e pouco fala”.



Texto: Vilson Caetano Souza Jr - PUC-SP
 
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